sábado, 20 de dezembro de 2014


De nada vale a alguns quem nos precede e avisa.
Mais cães que pessoas, aferram-se ao osso e rosnam.
Já Marx e Engels escreveram que o capitalismo embrutece, desumaniza explorado e explorador.
Um, condenado a suportar a canga, outro obcecado na obtenção do lucro, ambos a ignorar a vida, uma vida plena que é curta, efémera e irrepetível.
Ande-se a pé ou de Ferrari, o destino é o mesmo, com muito ou pouco.
Pode o inocente julgar-se compensado além, por um Deus generoso, Alá ou Jeová, que não há.
O criminoso, porém, o que teve prazer na miséria dos demais, esse nada espera dos Céus ou agiria de outro modo.
Porquê, então, embebedar-se no luxo, se a droga, em vez de felicidade, avilta?
Inteligente é morrer sem nunca se ter vivido?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014


Seja derrotista quem queira, que, graças a Deus, vejo bem e, sem ser uma síntese ideal de Entre-Douro e Minho e África, nasci em Olhão, Marrocos de Cima, a dois passos do de Baixo.
Dispenso que o eleito de Bilderberg venha empolgar-me com Ceuta, precisamente do lado de lá mediterrânico.
Basta-me a colossal proeza, nestes tempos de epopeia, os de hoje, de lograrmos o favor de ter, em águas nossas, uns tantos por cento a mais de jaquins que o presidente muito aprecia no prato, com arroz e pimentos.
A troco de uma redução de cota, em bacalhau e pescada, é certo, mas as vitórias históricas têm preço em sacrifícios, como muito bem nos explica o Duce.
Entre chamar a nós o petisco presidencial e perder pontos no que só deve ser para ricos, ninguém hesitaria em ceder e foi quanto fez a ilustre governante.
Pelo que exijo que lhe seja outorgada a nobre Ordem do Infante.

No que respeita a promoções por mérito somos os mais bem servidos da Ibéria.
Haja, em terras de Espanha, Marilós televisivas, que incultura e calinada a nós não nos afectam nada.
Preferem-se os presidentes de tudo que agem sem que percebam de nada, pois o que importa é título e, obra, a mentira basta.
Fala a Mariló, a nossa, de “inconseguimentos”, ripostando um presidente com “cidadões”, que o falar de indígena é desprezível, a honra está em inglesar na linguagem do patrão.
E, quando se parte do pouco na ânsia de chegar ao muito, compensa-se uma preparação apressada com uma ginástica de espinha, sorrisos, compadrios, intrigas, sendo o ascensor da moda a politiquice caseira, fácil, ao alcance de mentecaptos, mas nobilitante e rendosa.
Tanto que, aos quarenta, já é possível reforma na casa dos bons milhares.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014


É uma merda de povo que, entre a estupidez e a cobardia, sem saber o que escolher, opta por se acomodar nas duas.
Ora se coça, em bocejo, na lazeira da caserna e tu pagas, idiota, ora diz-se jornalista com cavaqueira de tasca e tu pagas, idiota, ou vegeta na miséria dos dias e tu pagas, idiota, mas sempre a aguardar a sorte, poupado o euro de um copo.
E assim, é assim mesmo, que eu quero e posso e mando, diz o cervejeiro ministro no rosnar de um bull-dog.
Pois, talvez, que, ao fascismo de meio século, outro meio século fascista se junte que tudo se pode aguentar, haja futebol aos domingos, às terças, às quartas, às sextas e tu a pagar, meu cabrão.

Agónico, sem dúvida, mas antes da morte há estertores, revolta de quem está aferrado à vista, pois, por muito crentes que sejam, dispensam as delícias do Céu e esquecem o amor a Deus.
É no pressentimento do fim que a fera desespera, destruindo e matando.
Sousa Santos assim o diz, assim houvesse quem oiça.
Por desgraça, como é hábito, hão-de assobiar para o lado e, ao rugir da tempestade, irão subir, de rastos, as escadarias de Fátima e pingarão uma esmola, a subornar qualquer santo.
Feito isto, tendo a consciência tranquila, vão avaliar todo o estrago, se não se realizarem, esse dia, encontros de uma das milhentas Ligas.

sábado, 13 de dezembro de 2014


Duas coisas ouriçam os cidadãos apolíticos: as greves prejudiciais e todo o peixe com espinhas.
Gabando-me tanto a esperteza a minha falecida avó, lembrei-me de tentar saída que sirva a prosperidade presente.
Não no que se refere ao peixe, que, esse, é criatura de Deus e eu, quanto a decisões celestes, nem prego nem estopa, acato.
Mas a greve é humana e de homens sem coração que pretendem impedir-me de chegar onde quero ou gozar de uma viagem que venho projectando há muito.
Tudo porque temem, apenas, a requalificação e o desemprego, razão de sobra, a meus olhos, para que se lhes trave o desatino.
Há quem defenda o direito de defender-se e aos seus, até com sábios governantes aceitando o privilégio.
Acho, contudo, possível uma resolução a contento, que em nada afectaria o progresso: greves aos domingos quando todos descansam e não nas horas de serviço.
E os que, porventura trabalham à noite e em períodos de lazer, fá-lo-iam na reforma, criando um banco de horas para a ressurreição futura.
Todos beneficiaríamos, assim, de uma solução viável e justa e económica.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


Regredidos que estamos às guerras de religião, onde à misericórdia divina, do Pai Eterno, afrontamos maldades e fanatismos de Alá, parece muito urgente apontar que entre nós, os puros, há uma perdição em curso, obra do demónio, sem dúvida.
Está bem à vista de todos que, em pontos de decisão e mando, gente disfarçada de artista, com mentira domina, nos obriga à blasfémia de amaldiçoar a vida e a mãe que nos pariu.
São, em geral, aqueles que batem com as duas mãos no peito, evocam o Deus aos domingos e exigem de nós sacrifícios.
Sendo que sacrifícios, fora da ideia deles, é oferta que se faz aos deuses.
Logo, até nesta matéria sensível, a mentira cobre a verdade, pois quanto se rouba em esticão, some-se o roubo na bandalheira da banca, PPPs e sorvedouros, onde, ao abandonar a política, como falsamente o afirmam, instalam-se governantes, ex-governantes e afins.
Portanto, além de incorrecto, de um ponto de vista linguístico, é ainda sacrilégio, heresia, atrai a cólera divina, capaz de nos esturricar com raios, daqueles que nos partem a todos.
Sugere-se, a bem da nação, que nos precatemos do céu, fazendo, com antecipação, em baixo, o que os espera no além: o penar eternamente em braseiros infernais e diabos, diabões, tridentes revirando corpos mortais.
Mesmo porque, nos tempos de crise, podem reconfortar-nos na fome, pingue churrascada humana que alguns, de tão nédios, prometem pançada.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014


É simples constatação que o esquerdismo, uma vez terminada uma missão provocatória de ataque à esquerda consequente e, com sua actuação extremista, justificar a força da reacção bruta, que dizem combater, vão-se acomodando em diferentes quadrantes, muito frequentemente de direita assumida e nunca na zona onde a revolução se defende não por voluntarismos mas porque a sociedade exige, já que o que existe não responde e é entrave.
Como a história lhes registou as contorções ou piruetas e o descrédito é repulsa por traidores, quando algo novo parece impor-se, logo os conformismos assinalam perigo, confundindo com esquerdismos.
Assim ocorre com o “Podemos” em Espanha, primeiramente ignorado, depois escarnecido e, agora, combatido, vilipendiado, exorcizado, numa intensidade crescente, à medida que ganha força.
E não há pantufeiro nacional que, temendo pelo sossego e cómoda paralisia mental, a entreter-se com o osso que lhe deram para o distrair, não se mostre consternado, porque quanto for diferente, inédito, fora de estreitíssimos padrões, assume nas boas almas proporções apocalípticas.

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Dois parecem ser os momentos de reflexão a respeito do que se disse.
1 – Porquê a cambalhota do pseudo-revolucionário?
2 – Com que base se confunde “Podemos” e extrema-esquerda?

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No primeiro caso, atitudes assumidas vêm da necessidade de dar nas vistas, numa afirmação do ego, como é lei entre adolescentes etários ou mentais.
Esta é a razão por que Lenine definiu o facto de doença infantil.
No fundo, jovem ou adulto, move-o um complexo de inferioridade e a ânsia de não ser só um número entre números.
De uma maneira ou outra, procuram encontrar um rasgo que os erga do anonimato e negue, na aparência, o complexo de inferioridade que os martiriza.
E qualquer coisa servirá: inteligência, raça, sangue, dinheiro, estatuto, civilização, seja o que for, que os torne superiores.
Assim se encurta o espaço que medeia entre os dois extremos, que acabarão por tocar-se.

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Para o segundo ponto, a resposta possível é o absurdo, dado que o movimento procura exactamente a liberdade nos outros, a grandeza individual numa continuidade entre humanos, atacando os super-homens, apelando à força de ânimo, despertando o pensamento, a vida no seu devir.
Esbatem-se os chefes e constroem-se cidadãos, não se pretendem rebanhos mas gente que se entreajuda, luta-se por uma criação constante, recusa-se delegar, entorpecer, estupidificar.
Distância maior em relação aos extremismos é impossível existir.

 

Politicamente, é idiotocracia, economicamente, é uma cleptocracia, futuramente, é desgraçocracia, a julgar pela fuga dos jovens, o país destroçado, uma dívida impagável, mas castrante.
É uma honra, contudo, ser-se colónia da Merkel ou posar com o Hollande, prova viva da baixeza que atingiu o socialismo.
Melhor dizendo, os chuchas, ocupados em carrear a riqueza do trabalho para os cofres do capital, a troco da missão de maiorais e tão esganados como outros, ditos sociais-democratas.
E a desfaçatez sem pejo, além de desacreditar a esquerda, tem a proeza emérita de fazer renascer fascismos e acirrar xenofobias, com farroncas imperiais.
Que, se não se perder o naco que fomos roubar aos fracos, até a civilização é guerra e moral a predação.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


Sem querer emular a eloquência cavaquista, faço questão de afirmar, cidadões, que idiota é o idiota que, mesmo não sendo idiota, consente que o tratem de idiota.
Tão filosófica asserção dimana da experiência vivida, em país de idiotas, que, uma vez libertos dos idiotas chupistas, voltaram a render-se aos idiotas restantes que se apressaram de imediato a promover idiotas.
É uma história de idiotas que um idiota como eu não entende facilmente.
Vou contar.
Um idiota encartado, que outros idiotas carismam como idiota messiânico, cria um partido de idiotas, talhado com dinheiro de idiotas para travar e arrasar o que os não idiotas construíram.
E, em país de idiotas, onde ainda prosperam muitos preconceitos idiotas, venceram os terrores idiotas, regressando a casa os idiotas ladrões que tinham procurado recato em sítios também idiotas.
Além disso, na prevenção de uma surpresa idiota, os idiotas caseiros chamaram em ajuda os idiotas estrangeiros, que, contentes do mando, cederam a gestão local aos idiotas de dentro, segundo as suas regras idiotas.
E chame-se o idiota Carlucci ou seja idiota um tal Juncker, somos idiotas todos nós que, idiotas, estamos aguentando que nos vendam a retalho aos grandes idiotas do Deutsche Bank, nada idiotas no que se refere ao ganho.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


Depois de, ao poder de facto, juntar a confirmação de jure, abocanharam tanto e tão pouco que lhes faltavam mãos para abarcar o todo.
E contrataram criados entre os esganados da plebe, que, segundo os cálculos, rondam 9%.
Confiados num serviço capaz que aos lucros lhes acrescente mais lucros, instalaram-se na placidez confortante das ilhas e paraísos fiscais.
O bom servidor descobriu que, havendo portas abertas do público para o privado, seria mais fácil a gestão alicerçada na lei que o próprio iria criar.
A promiscuidade ganha, então, visibilidade sem pejo, que o espoliado consente, votando sempre em quem rouba.
E, deste modo se afirma, com privilégios legais, talhados muito a seu gosto, a canalhada política de profissionais videirinhos.
Sendo que se ouve dizer da necessidade de mimá-los, não vão fugir os melhores.
Fosse cidadania a política e não monopólio de alguns, nunca a corrupção poria este país como está.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014


Enternecem as boas almas e toda a estupidez das mesmas.
Há pobreza entre nós?
Pois, em vez de revolta e reposição de direitos, são muitos os voluntários a  mendigar-nos a esmola, numa exibição idiota da grande pequenez de ideias e de dignidade inexistente.
Supor-se-ão muito honrados em almofadar um sistema que inventara no fascismo Socorro Social e Movimento Nacional Feminino.
Se se fala em emigração e na sepultura mediterrânica, não acham bem, não senhor, que tal possa acontecer.
Mas eu ouviria com gosto alguém que referisse os recursos e a pilhagem de que são vítimas as várias regiões citadas como uma chaga do planeta.
Dá-se por saber adquirido que o terrorismo vem por si, fruto de uma geração espontânea, sem que as mãos na consciência busquem, por análise mais séria, as razões da violência.
E fica-se a solução encontrada, pela força da bruteza, gerando uma reacção mais bruta.
Vista a inutilidade do estudo, acabo por concordar com quantos fizeram da História estatística e puros feitos alcova.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014


Vivemos simplesmente num mundo de surpresas.
Armam, os americanos, fanáticos, que escapando ao controle, em vez da docilidade esperada, afirmam-se independentes, rebelões.
Malditos terroristas!
São escancaradas as portas da impunidade, com passagem gratuita e aliciante, entre público e privado.
E, não tarda, o despudor é norma e a imoralidade, inteligência de espertos.
Quem diria!
Andam presidentes e menores, através de continentes, oferecendo aos bocados um país despedaçado, de erário já esgotado, que não tem com que pagar reformas, saúde, ensino.
Pois se vivíamos acima das possibilidades!
Entra fronteiras adentro um certo funcionário bancário e diz-nos que o orçamento só será aceite, se agradar ao patrão, dado que são essas as condições e o cumprimento é sagrado.
Não há alternativa!
E nunca se vê que soberania é dignidade e, numa América Latina que antes passou pelo mesmo, soube-se dizer “podemos” e puderam.

sábado, 29 de novembro de 2014


Vamos a ver se nos entendemos.
Uma criança de mama reconhece que o mundo é finito, logo, de recursos finitos, com dificuldades, custos, poluição crescentes na extracção.
E qual a palavra de ordem mais ouvida?
Crescer.
Ouvida, inclusive, da boca dos que dizem ser a crise actual consequência de um excesso de produção.
O que antes exigia muitos dias a criar, surge pronto e expedido num abrir e fechar de olhos.
Assim sendo, volta e não volta, o mercado saturado não comporta reduções nem no número nem no preço e as acumulações armazenadas já não têm onde ficar.
Contudo, crescer, crescer, crescer é a obsessão de todos, apesar da constatação anterior e apesar de se dizer, em estudos especializados, que o que se produz de momento cobre as necessidades do mundo e ainda sobra 10%.
Como compreender, então, que se repita a tolice sem se ver incongruência?
Depois, é a máquina da ganância a aumentar ano a ano o lucro de accionistas.
Se hoje são vinte, sobre os vinte anteriores e hão-se ser outros vinte sobre os vinte de agora.
Por certo, visando o infinito contra a finitude das coisas.
E, a continuar o sistema, ninguém accionará os travões, porque, se aqui se negarem os tais vinte, pelo menos, o interessado bate as asas, indo à cata de muito mais.
Em que se fica, então?
Ou o caminho vai ser outro ou tudo isto rebentará, como já está acontecendo.
O crescimento é possível na saúde, educação, segurança e bem-estar, não na fúria consumista.
Como?
Com distribuição racional, humana, onde a grande maioria não morra para sustentar uns poucos, de que maneira!
1%, mais os 9% de lacaios, detêm os 80% da riqueza mundial.
Não é por aqui, portanto, que a justiça passará.

Não é descabido o alarido dos últimos tempos, à volta da prisão de um dos muitos filósofos que este país oferece ao mundo da estupidez.
É bom que assim seja porque a pateguice exige escândalo, má-língua, purulência de azedume, vinganças de antigos compadres, que a este nível chegámos e neste nível estaremos com os programas televisivos de crimes, pornografias ou preços certos.
Não que não se deva condenar a teatrada da espera e detenção, com os desgraçados da imprensa a refocilar a gosto no que nos terão de dar em pasto.
Mas argumentar com vários, entre os quais os Soares, pai e filho, que isto não se faz a quem foi primeiro ministro, raia o desaforo do imoral.
Se alegassem que ninguém deva ser achincalhado antes ou depois de condenado, chame-se Zé ou Manel do Adro, aceitava-se.
Agora, deixar entender que há uma nobreza de classe que se impõe  respeitar, é simplesmente idiota.
Tão idiota ou mais, como reizinhos de opereta em terras de democracia, assim se diz.

domingo, 23 de novembro de 2014


Não é porque se quer ou não que o sistema vai morrer, antes, porque o progresso exige, dado que quanto existe em vez de resolver, agrava, em vez de atalhar doenças, mata.
Ninguém nega ao saber, favoreçamo-lo ou não, e que “eppur si mueve”, vencer obscurantismos com que alguns se parapeitam, quando o novo quer futuro e o velho fica aferrado ao que morre.
Centuplica a ciência o potencial de criação e entendimento da vida.
Como resposta, a bruteza chama a si a invenção e redobra a servidão, fazendo da desgraça lucro.
Vê o entendimento mais bronco que o planeta se esvai, vampirizado em recursos que a ganância põe em Bolsa, numa geografia da fome onde o predador é milionário e o espoliado, miséria, com o Mediterrâneo a sepultá-lo.
Há quem diga “podemos” e logo a Santa Aliança em desespero, mente, fabula, grita medos, terroriza, que democracia aos eleitos pertence, num consentimento do que não possui carisma.
Carisma de uma raça, disse o nazismo, de Deus, disse Escrivà, de mérito, diz o ladrão.

sábado, 22 de novembro de 2014


Como tudo apodrece e se esboroa, como se torna impossível disfarçar o fedor, como dia a dia a escandaleira recresce, convém acirrar irracionalidades esquecidas, mas latentes, a dos fornos crematórios.
Que, para já, à falta de um pretexto que melhor acoberte pilhagens, devastações, acusa-se os roubados de fanatismo que o seu saqueador gerou.
Volta-se, em regressão apressada, à época em que, falando de Cristo, se acumulavam à espada riquezas, domínios, poderes, a devorar nações, mais fortes que os próprios reis.
Mas hoje, em vez de castelos são bancos, finança a avassalar o mundo, cabendo a quem sofre consentir no jugo e alargar-lhe fronteiras, dando-lhe, se preciso, a carne para o canhão.
Donde, mais armas, menos manteiga, que a gana da avidez não pára.

 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014


O ver-se-te-avias, num pressentimento do fim, começa a aviar-se tão depressa que a escandaleira é diária, com muitos dos que se supunham mais sérios a igualar, em corrupção, os que sabíamos corruptos.
Embora a revelação pouco sirva, que a baixeza moral e a indignidade em que estamos tudo admitem com bonomia, dando por normal mentira, deboche, lacaísmo, traição.
Basta um ritual de quatro em quatro anos, em eleição de quermesse, donde sairão vencedores os que melhor se portarem no fingimento de salvadores da pátria, quando pretendem chegar-se ao erário e ganhar-se um futuro.
Mas, consumado o logro, a repetir-se de há quarenta anos para cá, temos, observando a lei, de aguardar que se cevem, para reincidir na asneira, com campo livre à pilhagem e sordidez de espectáculo.
Porque a política é isto, dizem comentadores encartados, contentes da abundância de estrume, já que dele é que vem a facilidade da prosa e o ganho, sem que se sujem camisas.
Mas críticos são, caramba! Não se lhes peça complacência.

sábado, 15 de novembro de 2014


Há a agradecer a Soares que nós, até então africanos, sejamos parceiros da Europa, materna com quem se lhe chega.
Tanto ou tão pouco que, de hoje a 2020, teremos 26.000 milhões em fundos de desenvolvimento, para os quais contribuímos, enorme “pipa de massa”, trombeteada pelo Burroso, autênticas dádivas do céu, ele e o pilim.
Esqueceu-se o troca-tintas de que, no período em questão, iremos ter de entrar com 60, 60.000 milhões, entenda-se, só de juros da dívida.
Não é acaso, portanto, que quem acobertou ladrões, como o Juncker, ou encalacrou países como o Gaspar, tenha garantido lugar na quadrilha financeira que, aos poucos, vai-se apoderando do mundo, seja a bem, seja a mal.
Se dantes era corrente ouvir-se “fia-te na Virgem e não corras”, para acautelar os ingénuos, em versão mais actual, é preferível dizer-se “fia-te nos números que dão e verás o trambolhão que dás”.

Na destruição de valores, impunha-se uma indiferença a quanto não fosse o eu e só eu, vendo-se na banalização do sexo um jogo de ocasião, para esquecer de seguida.
Segredo, cumplicidade, mistério ou descoberta, emoção e vertigem, não é por aí que o quotidiano se ilumina, nem situação que mereça ser vivida.
Não é estranho, portanto, que a homossexualidade se expanda, com a excepção e o interdito, em preenchimento do vazio que queda da depreciação do amor entre dois seres, que a natureza distingue para que se acrescentem e completem, além da continuidade da espécie.
E elucida-nos a história que, em impérios em agonia, faz-se por iludir a morte na singularidade do diferente, na não-aceitação da norma que continua existindo porque o novo não se nos mostra ainda.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Ouvi que a PT, depois de privatizada, já distribuiu dividendos de 11.000 milhões de euros.
Ou, numa leitura directa, a substanciosa maquia, em vez de reverter para o Estado, num país necessitado de progredir na Saúde, Educação e Bem-estar, acabou no Luxemburgo e outros paraísos fiscais, onde se anicham as contas dos que nada pagam de impostos, para que paguemos a dobrar.
Com a bênção, favores e lei do presidente Juncker, aldrabão de profissão, hoje capitaneando Europa, uma Europa da regressão, em substituição do cessante, aldrabão de igual coturno.
Todo este esbulho, entre os muitos, é significativo caminho que inaugurou o Soares, grande socialista Soares, acolitado pelos 9, na vassalagem a Carlucci, então embaixador da CIA, hoje transnacional milionário.
Rota prosseguida por quantos a ele se seguiram no mando, sendo recordista o Guterres, outro socialista, também, um premiado da ONU, a comissariar desalojados por guerras que ele acoberta.
E há-de ser o presidente deste país destruído, quando se privatizar o ar que se queira respirar.
Daí, o ter sido ilustrativo ver aquela troca de ideias entre um Telmo, CDS, e Filipe do PCP.
Era apologista o primeiro, dadas as vantagens à vista para os interesses de alguns.
Ia o segundo aduzindo muitas razões a escutar, mas com o outro a interrompê-lo em defesa do patrão.
Uma pergunta inevitável:
- Como perceber que as pessoas estejam surdas à verdade tão gritante, não se libertando, de vez, da vampiragem que as suga?

segunda-feira, 10 de novembro de 2014


Diga-se de direita ou esquerda, nada é de se tomar a sério, quando o analfabetismo é lei, esteja diplomado ou não e ainda que se travista em tiradas do que já serviu e se requenta.
É fino, não causa dor e quem manda aprecia.
Não vem de um calculismo subtil ou trabalho de pensamento, sendo uma saída a esperar de todo o animal egoísta, que se diferencia dos bichos por uns neurónios a mais.
Nisto se distinguirá a esquerda, mesmo em tempos de confusão, se observar com rigor a sabedoria socrática, do Sócrates, filósofo grego, “Só sei que não sei nada”.
A direita é certezas, certezas que lhe garantam manter-se e lhe acrescentem poder.
Cabe à esquerda encontrar caminho, concretizar utopias, iluminar futuros, pôr fim à exploração de alguém e à depredação do mundo.
O sonho último é o de que o homem seja homem, vertical, em liberdade, pleno.
O inimigo, pois, é a rotina, a inércia, a resignação animal.

sábado, 8 de novembro de 2014


Ele há gente invulnerável à graça, desrespeitadora dos gostos, intransigente a desculpas.
Vem o cervejeiro bull-dog e, de seus dotes histriónicos, saca chocarrices de bêbado, em púlpito parlamentar, circo incomparável de um país para lamentar.
Ninguém lhe admite os méritos, depois de provas dadas de humorismo espertalhão, quando não inteligente.
Salta da cartola o coelho em afirmações convictas, pela milionésima vez, do que garantiu em 11 e 12 e 13, 14 e há-de repetir em 15, anos da era de um Cristo a crucificar dia a dia.
Se apreciador se mostrasse de Chopin ou de Beethoven, não lhe faltariam melómanos a secundá-lo, aplaudi-lo.
Confessa, contudo, que é do vira da viragem e aqui d’el-rei que tem manha quem goza do nosso respeito, por nunca mentir a ninguém.
Podem desculpar-se ministros por percalços inevitáveis, assim dizem, em reformas de alto a baixo e não se lhes concede indulto, num clamor de incompetência, sem exceptuar luminárias maduras ou por madurar.
Depois ainda se queixam que se borrifem para nós e todo o seu zelo seja pouco para quem lhes premeia o esforço, bancos, empresas, União.
Gente atrasadíssima, ingrata, a merecer o que acontece e a política que lhe dão com a canga que a vergará.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


Andando o comentário aos tombos, ora há, ora não há, ou atrasa ou adianta, tanto espicha como encolhe, é de espantar lucidez em quem, por ofício, comenta o que se me afigura balbúrdia e relaxação de um povo.
Junte-se à graça a justiça cadaverosa, agónica, uma educação perdida, entisicada a saúde, a economia num nojo, só a trafulhice impante, e diga-se se há razão ou não de vir a perder-se o juízo.
Com uma Espanha que se vertebra, sangue novo, gente nova, a redesenhar o futuro, combativa e entendida, ranja de reumatismo o governo, ressuma a reacção peçonha.
São os tribunais, até, em sinais de despertar e evitando a derrocada, a esforçar-se em extirpar a gangrena em sindicatos e partidos, municipalidades e bancos, onde os parasitas se aninham.
E nós?
Sempre a esperar para ver, como é da praxe dizer-se.
Meça uma sociologia capaz a idiotia que é única, lendo um órgão da governança, “Diário da República” chamado, de 28/02/2014, na 2ª série, parte C, aviso nº 3117/2014.

Salvo uma ou outra tentativa sempre a acabar no nada, há uma incontinência verbal, onde a confrontação de ideias faz do debate algazarra, leva a confusão a quem ouve.
Que a direita jogue sujo, pouco dada à transparência, percebo e bem, mas a esquerda cair no logro, não entendo, excede-me, pois não são berros que contam, antes a limpidez dos conceitos.
Perversamente, decerto, vem-me a imagem do mísero, que, por cunha ou sorte vária, pode arvorar uma gravata e, se um sindicato procura, só a UGT lhe serve, que em outro lado qualquer só uma pelintrice se espera.
Como a televisão é graça e há que aproveitar o favor, exibir rabulice, é mostrar-se à altura e ganhar notoriedade.
Então, estando o outro a gritar, nós  vamos gritar também e com o outro a atalhar, nós atalharemos também, sendo interrompólogo o diálogo e o esclarecimento barafunda.
Na meninice, ainda, disse-me uma avozinha sensata que interromper a quem fala prova educação lamentável e nunca se ganha razão.
Outros tempos, talvez.

domingo, 2 de novembro de 2014


A farsa já vai em décadas, mas entre os pobrezinhos de espírito, ganha dimensões de novidade.
Há o actor principal de grenha a cair-lhe para a testa, em sóbria sugestão de um tempo em que se obedecia ou morria.
Cercam-no uns comparsas engodados por trinta moedas da traição de Judas, na reconstituição de cena bíblica, onde todo o povo acabará na cruz.
Entretanto, afadigam-se, sempre de mala aviada, na busca de clientela para quando se abrir o bordel, prostituindo, prostituindo-se.
São diferentes nas lapelas engalanadas de insígnias, numa sedução do mundo, a clamar, para quem ouve, ser agora ou nunca:
Que é fartar, vilanagem!
E a estratégia é tão certa que se vêem fregueses dos sítios menos esperados, porque, segundo parece, quando de saldos se trata, até os paralíticos são ágeis.
Agora, dispensada a orquestra, que a arte é onerosa e não rende, a banda militar ensaia a dança que Saint-Saëns compôs, um hino à soberania lusa.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014


O luxo de uns poucos é a penúria de muitos, dentro e fora das fronteiras.
Foi isto que nos impedimos de ver, enquanto não se meteram connosco.
Mesmo assim, ainda há broncos cujo umbigo é o centro do universo e berram porque as crias os prendem fechados que estão os acessos do Metro ou a porta da escola.
Os outros devem ter a obrigação de sofrer e nunca perturbar intenções.
Tudo na vida se lhes concentra na pança e satisfação do patrão.
Que este, atento ao serviçal zeloso, talvez sacuda as migalhas, em vez de as desperdiçar com o cão.
Se o pensar é de lacaio, há que ser dócil, servil, não vá o dono enxotar-nos ou mandar vir a polícia, com a missão de sovar os seus irmãos desarmados, velando pelo bem-estar de quem o explora também.
E nós, o povo comum, babados com a iluminação das montras, esquecemos que o capitalismo é só roubo, ferocidade animal, menoridade mental.

Depois de 40 anos de involução, numa recuperação continuada do que tinham perdido, vêm os cérebros do país, ao serviço do capital, aliciar para debate uns pobres que se dão por honestos, nos quadros da boa moral burguesa que nos dá, em prémio, o roubo como democracia.
Pois o princípio sagrado, que ninguém porá em causa, é o direito aceite em poder sangrar alguém, escudando-nos em qualquer coisa, herdada ou adquirida.
Torna-se, assim, permissível que haja uma miséria crescente, crianças a morrer de fome, áfricas vegetando em desgraça e metralhamento, por fim, de quantos pretendam rebelar-se.
Necessário somente, neste planeta de poucos, é perpetuar a extorsão e riqueza a carrear para a casa do explorador.
Sob uma dívida impagável e juros sempre crescentes, há que pedir misericórdia, mendigar por compaixão, de joelhos, que a humildade é virtude e as mãos postas em prece.
Deus há-de sensibilizar a banca, a banca que, na verdade manda, e não os agentes locais que, esses, quando não servem, são lixo, ainda que pertencendo à Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo.

 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014


Deus não é bom, como dizem, ou não nos escassearia em cérebros irrevogáveis, avatares do Renascimento, aliando à argúcia de uma visão científica a sensibilidade da arte do trejeito e arrastar de asa.
Por mais que me espiche no sentido vertical, só lobrigo, nas áreas que nos rodeiam, um de silhueta cubista, muito popular nas feiras.
Outro, mais virado ao futebol, perora, televisivamente, tendo a averbar a favor a caracterização do país pela história gigantesca que os restantes desconhecem, sejam gregos ou troianos, egípcios ou asiáticos.
Por ser minguado este erário, é que nos apegamos a eles, rezando que a máfia europeia não possa ver-lhes os méritos ou terrorista invejoso o rapte ao canto da rua, por bandas do Eduardo VII.
Aliás, não tardando que a lei nos obrigue a mudar o inspirado de Maria, BPN e Espírito Santo, convirá conservar as munições de reserva, embora já se veja ao longe um homem providencial, piedoso e Pio XII, que faz do dinheiro nosso ajuda aos refugiados, portanto, emprestando a Deus, sempre de bem com os céus e quantos mantêm negócios, profanos e por profanar.
Se a França teve por ela Hollande e Sarkosy, assiste-nos o mesmo direito, pois nunca seremos menos que galos com cacarejar de galinhas.
Somente o futuro dirá como Portugal vai fechar o ciclo da cretinice.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014


Excluindo a direita travestida, que diz chamar-se PS, pautando-se por Trilaterais e Bilderberg, anda a honestidade a reboque, sem autorização para falar e, quando o faz, é sob um ladrar furioso e resultados escassíssimos.
Haja ou não qualquer outra explicação, o receituário não colhe, já que o inimigo o conhece, munindo-se de razões e respostas.
Ora, porque o que se vive é novo, exige-se criatividade e imprevisto, uma imaginação mais fértil, consentânea com os tempos de hoje.
Se tal vier a acontecer, a direita, desconcertada, entrará na defensiva, atabalhoada nas réplicas, fraquejando em evidências.
Julga Sousa Santos impossível um Podemos em Portugal, sendo a nossa massa iletrada, ainda que a perorar de cátedra, cega e surda, embrutecida.
Será uma razão de sobra, face à extensão do desastre, que haja uma inventiva maior, um desentorpecimento enérgico, um ressurgimento explosivo.
Ou condenamo-nos a ver esta gangrena a alastrar, num nojo de país repulsivo.
Aja-se, por favor, ao menos, em nome de um resquício de decência.

terça-feira, 21 de outubro de 2014


Se continua a insistir que um eleito tem de cumprir o que prometeu em campanha, saiba que é um reaccionarão confesso, um democratóide ultrapassado.
Detenha-se a pensar, se o exercício lhe é possível, e reconhecerá, de certo, estar muito fora dos tempos, bem longe da moral em curso.
Acha, porventura, possível, que um país à deriva, onde a bandalheira se expande, com uma governação honesta de quem não se governe mas governa?
Seria uma aberração ilógica, pois, se uma eleição é a afirmação de um povo e há-de espelhar o que o povo deseja, quanto mais não fosse era um antidemocrático, traindo a expressão do voto.
Ou, onde as dificuldades se atalham por via de favores e influências, já que os tribunais pararam, onde o assentimento ao que se ouve dá doutoramentos e benesses, onde, como correntemente se afirma, só não rouba quem não pode ou sofre de um atrofiamento mental, não crê ser uma exigência absurda pedir uma governação honesta de gente a servir sem gula?
Tanto mais que, entrando nessa Europa civilizada, abdicámos da nação e há que obedecer e não piar.
Um conselho que talvez sirva: esforce-se por pôr em dia as ideias e aceite o que é a credibilidade, agora, partícipe no que o Führer concebeu, a subjugação do mundo.
Apronte-se que o inimigo está algures e, se não existir, inventa-se.
Menos manteiga e mais armas, até porque umas comissõezitas ajudam, sobretudo quando se é ministro, com pasta ou sem ela.

sábado, 18 de outubro de 2014


Dantes era o abre-latas somente.
Em fase de capitalismo agónico surge o abre-portas de ofício, melhor do que uma chave vulgar.
Esta, forjada para uma porta específica, abre sem escolha ou critério, cumprindo uma missão funcional.
Aquela serve portas comissionadas, terrestres, submarinas, aéreas, dado da maior importância, quando se tem pressa em enriquecer.
Naquilo que a custos concerne, é quase 100% de ganho, pois há a dispender apenas despesas de representação.
E, dado o precioso instrumento ser feito de matéria inerte, capaz de resistir a tudo, quanto se possa gastar é gasto bem investido.
Se pensa entrar no negócio e quer esmiuçar detalhes, consulte os especialistas no ramo das mais organizações beneméritas, com Tecnoforma ou sem ela.

Gosto de reger-me por princípios, não por estratagemas finórios, dado que os outros me merecem respeito e eu próprio exijo respeitar-me. E o Partido entendeu, desde que Jerónimo é Secretário, que são de recusar as alianças espúrias, que devemos negar-nos aos cambalachos políticos.
A separação das águas não nos trará mais votos e seremos acusados de dureza e intransigência. Representaremos, contudo, na imensidão do chiqueiro, um marco, uma referência, onde a desonestidade não cola, não medra.
Falta perceber, agora, que o poder não é objectivo em si, mas, sim, a consciencialização das pessoas, a vertebração dos quereres, sem bandeiras ou gritarias, em pedagogia miúda, que se aprendeu no fascismo.
Porque é luta entre classes, a que explora e a explorada, sendo esta que escreverá o futuro, governando, não governada.
Creio “Podemos” um exemplo, inventivo, criador, imprevisto, inovador.
A iniciativa, já nossa, deixa o inimigo surpreso e encurralado, na defensiva, pois não lhe servirá de nada a experiência de milénios de domínio e exploração.

terça-feira, 14 de outubro de 2014


Se temos olhos na cara, de pouco nos vêm servindo, já que nos falta miolo e de dignidade nem pio.
Explica-se, portanto, sem dúvida, esta submissão unânime, com uns a reverenciar lá fora e outros reverenciando cá dentro.
 
Erro, trapalhada, burrice, roubo, cambalacho ou luvas, nada justifica arrepios, nada nos arredará do desastre.
O que é histórico, aliás, desde que o Venturoso reinou, dilapidando o país que lhe havia saído na sorte.
Agora, estamos arrastando os pés, sempre na esperança de um dono que não  nos trate à patada.
E, dado que o sonho não morre, persiste-se em lamber as botas, descrendo de virtudes próprias.
A Byron, a descoberta de Sintra, que, só a partir de então, passou a bem precioso.
Foram os ingleses em chusma a tropeçar no Algarve com o que lá nunca víramos.
Eis porque a verborreia não pára, de águas quentes, areais, mesmo ricos prazeres do golfe.
Houve também um actor, americano ou inglês, que, em tempos pouco afastados, perdeu-se por terras do Letes, esquecido da treta algarvia.
Um só, porém, é pouquíssimo e não nos convencemos ainda, querendo a confirmação de outros mais.
Pois olhar, decidir por nós, não, jamais, se a responsabilidade é muita e, em costas sempre vergadas, não há peso que se aguente.
Assinado: Béu! Béu! (Sei, também, dar ao rabo)

quinta-feira, 9 de outubro de 2014


Miúdo, já então me impressionava o pobre que descia das serras para pasmar, embasbacado, à beira do propagandista da banha ou de um chá miraculoso.
Pois o caso não era para menos, que diarreias, enxaquecas, unheiros, maus  olhados, febres malsãs, tudo se curava num instante, depois de uma aplicação de pomada ou ingestão da tisana.

Até porque estava em criação, nunca me ocorreria pensar que esses vendedores de mezinhas viessem a reincarnar governantes e elite de palradores encartados.
Mas pior, ainda, é esses crédulos da infância deixarem de baixar dos cumes, antes enxameando o país, epidemia sem cura, numa suinização infrene, maná, doce maná de agiotas, ladrões, videirinhos, serviçais, quantos não se impedem de babar, ouvindo tilintar o oiro.

Que é esta a máxima razão de alguns, ontem, começando do nada, hoje, enxundiando-se na banca, empresas, assessorias, rabulices … parlamentos.
Quem é que supôs encontrar uma coincidência esquisita entre o grande bródio actual e vagas sempre crescentes nas doutas faculdades de direito?

São tantos ou tão poucos os advogados da treta que tem de haver para aí uma explicação qualquer.

terça-feira, 7 de outubro de 2014


Quem se detenha neles, de imediato, entenderá que, por miopia mental ou por sacanice videirinha e sempre egoísmo animal, não querem nem podem querer uma hipótese de alternativa, já que perderiam vantagens que só a merda proporciona.
Como sobreviveriam carvalhos, pereiras, nogueiras e demais flora, se houvesse carência de estrume nas terras de Portugal?

Onde refocilavam leitões e suínos esfomeados se se higienizasse a pocilga ou o negócio acabasse?
Preserve-se o meio ambiente, respeite-se a fauna e a flora, descubra o ratinho patego a taxa que nos compense dos cortes.

Suplica-se que o dinheiro a haver não vá a sumir-se no BES nem bolsos que parecem ser sem fundo.

Heróis do mar!...

            Ó malhão, malhão,

            que vida é a tua…

Nobre povo!

            Ó Rosa arredonda a saia…

Nação valente!

            Ai, ai, ai, linda machadinha,

            salta para a rua…

                        enferrujadinha…

           

segunda-feira, 6 de outubro de 2014


Custa a crer a rejeição, com benzeduras exorcistas, das ajudas generosas que o FMI lhes tem dado de há quatro décadas para cá e, agora, num requinte supremo, está aplicando à Europa da história e da civilização.
Gabam-se de, uma vez libertos, terem combatido a pobreza, aumentado o bem-estar, a saúde, a educação, sem atender a inflações, enquanto nós, europeus, de receitas a encolherem, mas uma moeda segura, vamos correndo à miséria, à putrefacção social e à organização excelente de uma governação de direita, fascista assumida ou não.

Não vêem, como idiotas que são, que a estupidificação dos povos é passo para o fim da história, querendo, desvairadamente, penso, um socialismo XXI, ou coisas à volta disso, onde pessoas comuns, nascidas para obedecer, tentam inventar futuros.
Esquecem-se, em revoltante amnésia, que fomos nós, superiores, a ter os direitos humanos, inexistentes, decerto, mas figurando em papel, mais a democracia electiva que nos permite alhearmo-nos e a modorra cerebral no que à política respeita, para não se falar da nobreza de guerras pelo mundo inteiro, numa santificada missão de ensinar a quem as sofre a sublimidade económica, social, civilizacional da destruição criativa, sic Schumpeter

Falta-lhes, por fatalidade funesta, uma luz de redenção nas mãos de um primeiro-ministro que cavalgue alegremente o capitalismo predador.
 

domingo, 5 de outubro de 2014


Revolta a crueldade islâmica que está a degolar pessoas, muitas dos países civilizados que lhes bombardeiam cidades e pilham as riquezas e bens.

Parecem não haver entendido que, entre a brutalidade da faca e a delicadeza da bomba, a diferença é abissal, evidenciando a nobreza da civilização do Ocidente.

Experimente-se dar-lhes os meios com que destruir Paris, Londres, Nova Iorque ou Berlim, e adoptarão com certeza as guerras de civilização que nos permitem brindar Síria, Afeganistão, Iraque, Somália, Mali e, até, a Ucrânia europeia, de benefícios diários que toda a gente conhece.

Como a estupidez tem limites, concorde Einstein ou não, o bom exemplo encarrila os muitos transviados do mundo.

Que, por azar, são possuidores de petróleo ou se encontram muito próximos dele.

 

sábado, 4 de outubro de 2014


Quando da dívida se fala, começa, normalmente, a discussão a meio.
Experimente-se ver na competitividade o motivo e todas as peças encaixarão sem mais.

Face à concorrência da economia emergente, as reduções nos lucros não se fizeram esperar e duas são as soluções achadas para as conseguir atalhar: deslocalização de capitais e exploração cruel de quem trabalha.
Só que aos povos a sujeição nunca pode ser consentida, se não estiver apoiada em razões imperativas.

Foi sempre esta a justificação das guerras, que, além de pilhagem de bens, canalizavam tensões e abriam caminho a medidas em tempo de paz impensáveis.
Contudo, o recurso às armas tinha prejuízos enormes, muita destruição excusada e, mesmo, revoltas, por vezes, como em Outubro de 17 e o nosso 25 de Abril.

As vantagens penderam para as guerras económicas, que são abstracções complexas para quem não estiver por dentro, e justificam sangrias com o endividamento dos Estados.
Depois, segue-se-lhe a assumpção de compromissos e um enredamento em cláusulas onde uma pessoa se perde, mas os especuladores se encontram, na vampirização dos devedores.

Foi congeminada a estratégia pela Trilateral e em Bilderberg, pelos que preconizam há muito a cordial amizade entre o Costa e o Rio, porque os títeres anteriores fizeram o que havia a fazer:entregar a economia à finança, com tratados a manietar recusas.
Para isso, tilintaram o oiro e Cavaco, Burroso, Guterres e Sócrates salivaram em submissão canina, com todos os compromissos de honra de um “paga e não bufes”.

Os que hoje, exactamente, com seus acólitos e serventes, bradam que a honradez obriga e não há que fugir.
Pouco interessa se a dívida é justa ou injusta, se o juro é de amigo ou de agiota, o que importa é a rendição e um colaboracionismo proveitoso.

Veja-se onde se encontram eles e perceber-se-á que o prémio compensa bem a traição.
Pior é a gente espoliada não lhes dizer claramente que, tendo sido eles a governar ou desgovernar estes anos, assumam as responsabilidades que lhes cabem, não queiram chouriços com o sangue alheio.

Mas não, repete-se com o Estado o que se passa com a banca: eles roubam e asneam, nós pagamos e não bufamos.
Abençoada imbecilidade a nossa!

Nem mesmo com a justiça em coma, a educação embrulhada em atrapalhações matemáticas do grande cientista Crato, ou a demolição sistemática da saúde nacional por um carrasco sem lei, ou o salta-pocinhas de um Goebbels, a gaguejar parvoeiras sobre um assistencialismo piedoso que desresponsabilize o Estado, com uma obstinada em fracasso a verrumar no erro que pôs o mestre a mestrear o desastre mais encostadinho a quem manda, mais sossegadinho no prémio de venda e traição ao país, vampirizado, a esvair-se numa vassalagem ignóbil.
Nem assim há estertor que nos erga da lama e ponha esta quadrilha a ferros, antes que se escape, com as contas a engordarem números em paraísos fiscais.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014


Terei entendido mal, coisa que acontece ultimamente, mas sempre supus que, ao falar-se de um soba, traficante de escravos, fosse exemplo de infâmia e animalidade cruel.
Portanto, não me peçam que acredite ser negócio civilizado entre gente muito amiga, ágil na exportação de moral, mesmo para sítios onde a vida diferente tem costumes diversos.
 
O trato ou desvergonha do administrador dos meus bens, já que BCE e FMI são instituições com o meu dinheiro, mais um vigarista seduzido como um reizinho por vidrilhos, não creio ser defensável nos tribunais deste mundo e, muito menos, no de Haia.
Será racional, por certo, pedir-se uma auditoria e a renegociação da dívida, forçosamente impagável, a manterem-se os termos, como, com todo o direito creio, será pôr em causa o negócio de agiotagem nos juros, que pagámos com sangue e deveriam amortizar o empréstimo que, tanto quanto sei, obriga-nos a uma taxa de 34,4 biliões numa cedência de 78.
 
Juros de 50%, quase, não podem ter legalidade nem se consideram favor.
Até no fascismo, mais labrego, a especulação era crime e a justiça actuava.
 
Ou democracia, falseada, é a roubalheira sem freio?

sábado, 27 de setembro de 2014


Nunca tive nada a ver com indivíduos socialistas, a não ser achegas breves com quem se rotulava assim, fugidio como enguia, incapaz de uma atitude que me desse certeza.
Era na noite fascista e a suspeita de lidar com videirinhos estava ainda por confirmar, à falta dos elementos que, hoje, vão além do exigível.

Conhecia, sem dúvida, o que se passara com Marx, a bandalheira da Áustria e que, depois do assassinato de Jaurès, muitos reencontraram o ar puro numa militância comunista.
Mesmo assim, nesta ingenuidade que me trai, quis forçosamente acreditar que, connosco, de certo, as coisas teriam de ser diferentes.

Daí, o assistir incrédulo aos trambolhões constantes do 25 de Abril para cá, ao ponto de os ver passar a direita pela direita.
Quando julgava ter assistido a tudo, eis-me com um espectáculo de uma baixeza sem nome, onde a abjecção é tanta e tão grande que só imagino possível numa parvoeira como a nossa, um pobre país de merda.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014


Não há muito, ainda, houve quem se esquecesse de declarar às Finanças uns honorários goliáticos, com a alegação da grande diversidade dos seus bens.
Repete-se o caso agora, com uma variante argumental de que já passaram muitos anos.

São dois dos exemplos visíveis, dos milhentos, de um certo tipo de amnésia, a contaminar muita gente, a permeabilidade que existe entre o público e o privado, com Gustavo Sampaio a apontá-la desde Julho de 2013, enquanto os pagantes se alhearem da traça do seu destino.
Sejam históricos ou novatos, estes colecionistas de poltronas contraem a terrível doença com a obesidade dos ganhos.

Donde a concluir, para já, que lhes voltaria a saúde, se vivessem apenas do salário mínimo.
E garantir-se-ia, também, que o patriotismo exaltado sumia-se da noite para o dia, enquanto que os que se dizem de esquerda viriam a perceber talvez que este sistema tão gabado é uma vigarice enormeque convém ao capitalismo predador.

Democracia não é isto.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014




Não são somente as crianças com mais ideias que fala.
Acontecerá sempre a todos a quem roubaram o futuro, com uma configuração da palavra na área da predação em curso.

Até a Mafalda do Quino, ainda que na idade das bonecas, acaba por partir-se a rir, ao ver a definição corrente do termo “democracia”, num dicionário ao alcance.
Só que à adulteração da linguagem impõe-se um estreitamento expressivo onde o pensamento não cabe.

Verborreicos, contudo, todos os vigaristas de ofício, gabando as excelências dos tempos.
Com razão, de facto, que a vida jamais lhes correu tão bem, nem sequer no fascismo, que o Salazar patego mantinha uma corte restrita.

Quem por vocação ou vergonha sente a língua adulterada, vê-se e deseja-se ao querer dizer o que pensa.
E, mesmo assim, face a uma ladração contínua, que, se não convence pela fúria, abafa a argumentação alheia, servida pela complacência educada, que não respeita, mas é-lhe útil.

Pois, em terra onde o estardalhaço é festa, o ribombar traz aplauso e uma votação segura.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Queixava-se a professora de ter tido colocação a muitos quilómetros de casa, 600, se a memória não falha, e um horário dividido entre escolas algarvias que distam 30 quilómetros.
Tudo pelo chorudo ordenado de 1.200 euros, sujeito a descontos, única fonte de receita, para duas filhitas pequenas, que não poderão emigrar, e um marido no desemprego, ainda que engenheiro informático.

Ela que pense na sorte de não a colocarem no Pico, onde, para cumprir a missão teria de nadar muitas milhas, do continente até lá.
Saiba também que o trabalho é um privilégio hoje em dia e está a colher o proveito de ter votado em patifes, que aliam a incompetência mestra à obstinação do burro, em particular na tutela timonada por um maoista, que cria uma fórmula mágica onde o resultado matemático é expresso numa média obtida com alhos mais uns bugalhos.

Mas o que uma criança vê passa despercebido à ciência do ministro titulado, talvez pela Universidade Lusíada, em aulas de fim de semana, ou mesmo na Universidade pública, quando campeavam por lá passagens administrativas do medo, por professores cobardolas, escondidos debaixo das mesas, antes de assumir presidências.
O certo é que, idiotizado um povo, nem a indecência se detém nem a arrogância é travada, para gáudio de meia-dúzia, se tanto, que comem, comeram e hão-de comer.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014


Não há nada inteiramente bom, não há nada inteiramente mau.
A ofensiva do capitalismo agónico, embora nos agonize também, traz com o entulho algumas palhetas de oiro – a consciência mais funda de um sistema que explora e aproximação daqueles que se julgavam uma elite, médicos, professores, engenheiros, convictos de uma imunidade de estatuto, que não lhes permitia identificar-se ao proletariado.

Hoje, já alguns terão visto, que, ainda que titulados, sentam-se à mesa dos lacaios, porque desse modo são tidos, desde a rebelião de Mozart.
Assim, quer pela gravidade da crise, quer pelo esgotamento social, tudo aponta à unificação de forças e, ombro com ombro, entrar-se num mundo a inventar devagar, mundo para um ser humano.

Humano, finalmente, onde a bestialidade, sem espaço, se retraia e extinga.

domingo, 14 de setembro de 2014


Vão longe os tempos em que viver de expedientes era olhado com maus olhos e a lei ficava severa contra a vigarice pequena, que a grande, exactamente como hoje, murava-se nas artimanhas que a própria lei lhe faculta, passando por entre a chuva que não se atreve a molhá-la.
Para esclarecimento honesto, seria necessário que os grandes legisladores sabidos nos dêem o montante exacto que torna o vigarista imune, embora nos espreitasse o perigo de perturbar o mercado, estando tanta gente à espera.

Espera-se que o Parlamento pondere e encontre formulação capaz, pois há-de saber defender não só os titulares presentes, mas todos os que se iniciaram no estágio.

Ideia, com certeza, sem préstimo, já que o senhor Presidente, encomiasta de empreendedores, arrancará do seu cérebro medidas preservadoras da classe que tanta admiração lhe dá.

Não sendo ele a fazê-lo, fá-lo-á o deputedo que, em fase de preparação, não tardará a guindar-se a esta nobilitação de agora.