quinta-feira, 31 de julho de 2014


Gostes ou não gostes, é o circo que escolhestes.
Logo, paga, cala e fica sentadinho a ver, como os sabedores te aconselham.

Olha a perstidigitação em equipa que não é só uma moeda a ir-se, mas milhões, biliões, montanhas.
Terás, depois, campo raso e o moedas que te resta há-de acompanhar os outros para os demais lugares a explorar.

Com os palhaços às centenas, tem-los em mesas redondas, bicudas, desde que repletas de tachos e bons pratos.
Ainda que os domadores se afastem, as feras cumprem na mesma a parte que a elas compete, pois sabem que as espera o prémio, postas enormes de um povo a sangrar.

Julgo que, para provocar o riso, o mestre, de caretas contínuas, comunica aos cidadãos o que a seguir nos vem, quarenta ou cinquenta anos mais próximos.
Refira-se, por fim, a trupe de contorcionistas funâmbulos, que, em cordas bambas do logro, justificam por si só despesas e ocupação de praças.

Eles torcem, retorcem, distorcem, tanto que nos é difícil crer se o que existe é verdade.
E, sendo o sucesso tal, um dia, gerações passadas, falar-se-á com certeza da festa que a Europa nos deu.

OBS. Acabo de aprender do espanhol que os pastores serão sempre brutais, enquanto as ovelhas permanecerem estúpidas.
Los pastores seran brutales mientras las ovejas sean estúpidas

terça-feira, 29 de julho de 2014


Os putos têm de fazer por vezes algumas tolices para se tornarem bem vistos e serem aceites pela pandilha do bairro.
Entrar para um gangue de adultos é muitíssimo mais difícil porque implica maior risco e, mesmo, crimes de sangue.

Excepto quando se trata da União Europeia ou formações similares.

Aí, os aspirantes ao prémio provam do que são capazes nos próprios países de origem, cumprindo escrupulosamente a destruição incumbida e a sujeição ao mandante.
A graça está em o perigo ser praticamente nulo, pois, por razões superiores, gozam de impunidade total, que a democracia de nome vela para que nada aconteça.

Depois, é vê-los impantes a passear-se pelo mundo, investidos de um poder divino, que faz da terra um inferno.
E nós, os pobres diabos, será que despertaremos um dia?

Que saudades dos tempos em que Buarque, Moustaki, Garcia Marquez, Sartre... vieram sentir a nossa pulsação de vida, num Portugal sem negreiros!

segunda-feira, 28 de julho de 2014


É natural que, em terra de pistoleiros, antes foragidos do mundo, depois exterminadores dos índios, facto de que se orgulham muito, só em guerra se pensa, até porque exportá-la é negócio, com lucros simplesmente astronómicos.
Mas acobertar na ONU, uma organização para a paz, o genocídio de um povo, o povo palestiniano, ultrapassa até o possível, já que há a história recente dos campos de estermínio da nossa querida Alemanha.

Dizerem que matar civis são danos colaterais, desculpando-se com autodefesa, é descaramento a mais, quando os ocupantes escravizam e, sionistas que são, sonham com a grande Israel, ainda que ceifando vidas.
Se fazem de nós uns parvos que desconhecem razões, é que nos acobardamos há muito, a ponto de renegar a língua.

Não é, sô Crato? Ou Lurdecas?

domingo, 27 de julho de 2014


Dou-lhe toda a razão, ó senhor alma negra, ao vibrar de indignação por alguém falar em roubo na nova proposta de lei em votação na Assembleia.
De facto, cortar salários para vos manter a reinar não é roubo, não senhor, é saque em país vencido, onde o criminoso legisla e o povo é devorado vivo.

Conta o deputado chupista com uma atonia para sempre em que possam ter as mãos perto da arca do erário. Eu não seria optimista, porque a corda tensa de mais acaba partida em duas, que as coisas têm limite.
Reserve-se o senhor doutor, de boca pregueadinha, para o dia em que se veja sentado no banco dos réus, com os apaniguados em fuga.

E os tempos não serão os mesmos que um dia findarão os coutos onde julgue ter guarida.
Os paraísos fiscais também deixarão de ser e a impunidade de agora um dia acabará de vez.

Vai ter de trabalhar, doutor, depois de cumprida a pena e da restituição do roubo.

quinta-feira, 24 de julho de 2014


Que a história se repete, repete.
O mal é a miopia do mundo, incapaz de ver o que não seja uma reprodução exacta.

Falta uma repa para a testa ou os guinchinhos de histeria, então não é nazismo.

Não há fardas negras à vista, então não é ocupação estrangeira.
Morre-se na indiferença da rua, então a liberdade existe.

Mata-se a população civil em terras da Palestina, então são terroristas temíveis que entravam a Grande Israel.
Partem-se braços e pernas a jovens que lançam pedras, então o ocupante defende-se e tem direito a fazê-lo.

Exibem-se os colaboracionistas em vestes de patriotice, então são salvadores da pátria, poupando-nos à ira da banca.
Se há óculos para a miopia dos olhos, não há correcção possível para a miopia da mente.

Ria-me eu da idiotice do gago mental que dizia, a propósito e a despropósito, não haver palavras quando pretendia exprimir trivialidades do mísero quotidiano.
Mas, bem vistas as coisas, era reconhecer, honesta e abertamente, um arredamento dos modos de expressão, pecha a não estranhar em país onde a leitura é luxo, que não rende nem dignifica.

Estou, no presente, em situação muito idêntica, perante a provocação canalha de uns fascistóides de aldeia e a atonia cadavérica de gente embrutecida e cobarde.
E quem jurou, pela honra, defender a liberdade cede à chantagem dos que lhe conhecem os podres ou volta a coçar-se pelos cantos e arrastar a lazeira nas casernas mal cheirosas onde o material enferruja à espera de renovação, que pagamos e pagaremos bem.

Bastará, doravante, dispor de matilha pretoriana e a paz tumular será por muitos e magníficos anos, para eles.
Na calha, o Costa e o Rio serão os oficiantes suplentes, já indigitados, Balsemão o propõe e Bilderberg decreta.

sábado, 19 de julho de 2014


Novos tempos, novas ideias.
Nado, criado e amadurecido em fascismo, a democracia orgânica, vi-me brindado, após Abril, com democracia electiva de ludibriar no voto para assistir à pilhagem, quatro anos a fio, por leis que a legitimam.

Posso, pelo menos, escrever, clandestinamente, enquanto, à proibição nos jornais, não se juntar um vírus, mais eficaz do que os que me têm mandado, generosamente, pela Internet.
À União Europeia, fico a dever-lhe o capitalismo generoso espraiado nos milhões que nos deram para destruir a pesca, a agricultura, a indústria, restando o comércio residual para que possamos comer o que a Espanha nos envia.

Fui-me actualizando em socialismo, que, nos tempos modernos, serve administradores à banca e legisladores que privatizam.
Mas a participação na rapina guinda colaboracionistas a salvadores da pátria e o criminoso sou eu que insisto na dignidade e soberania do país.

Contudo, tenho que confessar que não me partem os braços nem me bombardeiam a casa, talvez pela sorte de não ser palestino, que esses, sim, são todos terroristas.
Por último, fiquei sabendo que estou em economia aberta de vários compartimentos estanques, dado que o BES não é a Holding e a Holding não é o BES.

A continuar a cavalgada das novidades, hei-de acabar por ver que esclavagismo é boa forma de governação e morrer na valeta uma suprema redenção.
Resta-me, pois, continuar paciente, a olhar os putos malcriados que destroem Portugal, porque há destruição destruição, a nossa, porém, é construtiva, Hayek o disse e Passos o confirma.

quarta-feira, 16 de julho de 2014


Ainda que em fase de carreio para a banca, a televisão mantém a qualidade que tinha e o leque alargado de mil opções possíveis.
Obrigue-a a moda a obrigar a baixar a bainha e garanto-lhe, senhora, que se sentirá enlevada com telenovelas para todo o gosto e a voz, no fim, insinuosa e líquida, do regente de emoção, oculto, que, em linguagem chã, vem veludamente esporear-lhe o interesse.

- Cairá a Joana na esparrela do Luís?
Ou:

- Descobrirá a Vanessa o segredo da mãe?
Seja o afazer de momento rechinar um refogado, dificultando a audição, fazendo-a amaldiçoar o trabalho, que um Quim ou um Con, ambos lhe darão interpretações subidas das pérolas musicais de “Aperta com ela” ou “Cheira a Bacalhau”.

Se é macho e só contrafeitamente se abana, creia que não será esquecido, tendo por si  três e quatro canais de futebol ao vivo, mais comentários, antes, durante e depois, que analisam, dissecam, esmiuçam, microscopiam.
Em baixa ou desempregado, há anjos a velar por si, gordos ou gordas, que o sexo não se discute, na informação de preços e intrigas, arredando-o, bondosamente, da chatice da triste vida.

Para outro nível de exigência, gente propensa à falação e às letras, há mesas redondas, quadradas, hexagonais, com seres de facúndia, erudição, agudeza, direitinhos no porte, educadinhos à farta, seleccionados a preceito.
Digam-me, então, se será crível que um idiota qualquer escolha este momento de transe para desatar em lamúrias só porque a escola fechou?

Com tantos anos de ensinamento democrático, não percebeu, ainda, que o filho, madrugando e tresnoitando, está beneficiando de uma formação sem par, que lhe dará asas e força para, mais tarde, emigrar?
Quanto a queixar-se dos hospitais que fecham, não é por razões de sociabilidade ou estudo, mas porque, vencidos os anos de espera, espera-o a optimização de recursos e atendimento de dez estrelas.

Tudo o que se pede é que não nos traia a governança esforçada e benfazeja, decidindo morrer quando menos se esperava.
Aprenda, por favor, com o professor da Judite, grande tricotador de elogios à revolução na Saúde do nosso cobrador de impostos, ex-segurador do Espírito Santo, hoje na falência, infelizmente, o banco, não ele, que energia e cabeça são coisas que lhe sobram.

Dir-lhe-ei mesmo mais: tudo a quanto assiste e não entende é portão de entrada de um futuro risonho, com salários subindo, os impostos a descer, fundos comunitários a rodos e cavalinhos a correr, o paraíso na terra que o do céu há-de fechar, pois ninguém vai querer morrer.

Hesito entre compaixão e nojo, porque não sei ao certo se é tacanhez ou disfarce.
Mas custa muito entender o gosto com que se espraiam agora por uma sacratíssima família onde o espírito santo manda.

Isto sem se aperceberem, julgo, que vivem na plenitude da merda e o soldo do papel que têm, ignorantes e parvos, deve cheirar muito a estrume.
Refiro-me aos comentadores que vejo e à displicência que enforma as doutas palavras suas.

Perecem-me agradecidos aos céus, que os escândalos garantem trabalho, pois fora da coscuvilhice de aldeia, não há muito mais a tratar.
Não quero ameaçá-los no tacho, mas quer os patrões cervejeiros, quer os fazedores de políticos ganhavam em contratar a Rosa, minha vizinha do bairro, a quem nada ou ninguém lhe escapam.

E o preço seria irrisório, que ela nunca foi de luxos.

domingo, 13 de julho de 2014


Érase una vez...
A história começa assim porque se passou há anos, na parte debaixo da Galiza portuguesa.

Deu-se o caso que um dia, à falta de maioria para aprovação do orçamento, o grande timoneiro de então conseguiu comprar o voto de um CDS, pagando com a promoção de um queijo ou coisa idêntica.
Escândalo! Particularmente por parte do seu partido, o que dá para rir, pois, como numa saída feliz do humorista Ricardo, o CDS é uma galdéria que vai para a cama com todos.

Sejamos, então, honestos e pensemos um poucochinho apenas:
Política não é o que se diz obtenção de meios para que se viva humanamente?

O erro estará se eu entender que deve ser tudo para mim, com a ferocidade de um animal erigida em fim único, ou seja, a competitividade.
As doutrinações e conversas que tanto abundam para aí são invenção de videirinhos para governar para si e chega.

Haja muito estudo e formulações de eruditos, mas, no traquinar diário, é a realidade que espera e importa.
Que me pode interessar se o meu vizinho é casado ou amantizado, se é branco, mulato ou preto, se usa ou não usa as ceroulas do avô?

Urgente é o caminho da aldeia que, em tempo de maiores enxurradas, passa a lamaçal, com fundões de afogar.
Comunista ou não sei quê, muitas vezes sem se saber o que é, importante é construir em conjunto a vida que nos é devida.

sábado, 12 de julho de 2014


Um tipo dos futebóis garante que, seja qual for o resultado, não se demite.
Tanto bastou à televisão para acorrer, pressurosa, desdobrando-se em canais, que a afirmação era histórica, parece.

Quer dizer, Salazar caído deixou atrás de si um largo rasto, hoje seguido como caminho democrático.

É grossa a asneira no município?

Não me demito. Quem me elegeu quer que eu prossiga.
Sabe-se da parceria ministro e sucateiro?

O chefe confia em mim. Logo, não me demito.
Renegando promessas e doutrina, lança-se um país na escravidão aos agiotas?

Contas,  dá-las-ei à banca onde um lugar me espera, legitimamente.
É que a obstinação é virtude e a malta aplaude no gozo masoquista de ser espezinhada.

Degradação moral, baixeza cobarde ou ambas as coisas numa só criatura?

Convenço-me cada vez mais que as civilizações, como as pessoas, morrem de esclerose múltipla.
A velhice vai-lhes endurecendo os tecidos e, muito particularmente, as meninges, enquistando-as no tolhimento de si mesmas, que acaba por ser fatal.

É Portugal de rastos, gabando-se de ter dado ao mundo os Gamas e os  Albuquerques de outrora, uma ostentação de pergaminhos ridícula com a vestimenta de hoje esburacada.
E a França, dos direitos humanos, o povo mais politizado do mundo, bla-bla-bla, bla-bla-bla, tem afinal o socialismo à direita, com um patetinha a chefiar.

Vem Obama das Américas, onde à presidência só com milhões se chega, onde a miséria grassa num quarto da população, embora dominando os petróleos, açambarcando a genética, negando a liberdade aos outros, e dá-nos a conhecer o caminho a seguir, dizendo-se velar pela democracia.
Nenhuma desta gente entende, que o que era bom acabou-se e é tempo de dobrar a finados.

 

sexta-feira, 11 de julho de 2014


Agora, sim, admito que haja formas de vida com origem diferente da nossa.
Tinha já ouvido falar de bactérias que nascem e se alimentam do enxofre proveniente das entranhas da terra e aflora em cones submarinos.

O que vejo, contudo, surge do metano que o pântano onde vivemos produz e desprende.
Não é preciso, pois, procurar a anos de luz do planeta o que nos entra pela janela dentro.

E, ainda que não se assemelhe ao homem, antes a uma espécie de frango depenado, fala e agoira, propondo-se ganhar chefias e governos.
Haverá, ainda, saneamento possível?

quinta-feira, 10 de julho de 2014


Talvez a mãezinha não lhes tenha ensinado que é má educação interromper quem fala.
Pior que isso, porém, a docilidade submissa de quem com ele debate, aceitando o ladrar ou a regatice de peixeira, num comportamento de escravo que não se atreve a replicar.

Até nas sessões onde eles se expandem em bazófia e mando, vejo reflectir-se a submissão de um povo que deixa espezinhar-se, esquecido de que a ele é que devem respeito.
Verticalidade e honra são, assim parece, conceitos obsoletos, totalmente em desuso, e o senhor, se exorbita, fá-lo por privilégio seu.

Não seria melhor não fulanizarmos a desgraça e atribuir toda a culpa a esta nossa falta de dignidade?
É ou não a ocasião que dá asas ao ladrão?

E, com gáudio e aplauso dos votantes, que insistindo na asneira, estão a caminho do meio século.

segunda-feira, 7 de julho de 2014


Seja da índole ou por uma outra razão, a gente daqui não se dá ao trabalho como uma pena a cumprir.
Julgava eu, com meus olhos de meridional, ser a enxada a puxar pelo cavador, tão grande é a má-vontade deste, e, afinal, é o cavador a puxar a enxada, obrigando-a a segui-lo, em aceleração contínua.

Mesmo se há conversa ou palração desatada, que muito se aprecia por cá, trabalho, trabalhador e ferramenta não param, prosa, suor e tarefa unidos em sintonia completa.
É certo mostrar-se toda a terra grata, pedindo que a revolvam, possuam, fecundem, para responder generosa e pronta.

Mas olhamos da estrada e a desolação é dor, dos quilómetros e quilómetros ao abandono, quando muito subaproveitados.
A emigração de antes e, agora, em plena recrudescência deixam-nos um país sem pão, obrigado a importar o que necessitamos comer.

Há uns idiotas a clamar viragem, os mesmos que ainda há pouco, ajoelhados ao deus dinheiro, decidiram meter-se onde o fascismo recuou: baldios, terras comunitárias, arrancamento de cepas, plantação de eucaliptos, cotas e restrições de produção, imposições fiscais, tortuosidades burocráticas, uma destruição continuada do que nos daria a soberania.
De pouco servirá, também, fulanizar o sadismo, porque a culpa é só nossa, nós os tolhidos na cobardia e incapazes de preservar o que recebemos de herança.

A coragem, só nos antípodas ou contra as nações que buscam a dignidade que lhes foi roubada.

domingo, 6 de julho de 2014


Admito que quizílias e escândalos da pequenez de aldeia dêem pano para mangas nas palrações de café.
E a matrona minha vizinha, a quem nenhum pormenor escapa, péla-se por informações do género, erguendo-se, gratuitamente, a comentarista do burgo, quando esquece os seus achaques.

Convenhamos, todavia, que, em fazedores de opinião, olhar a freguesia apenas deixa um travo a maldizer e fulanização de taberna.
Sabe-se que Portugal ainda existe e num mundo em relação, onde o que se deu, dá ou dará passa-se ou passou-se em muitas outras latitudes.

Falar do que por aqui acontece, esquecendo a sua ligação com o resto, não me parece concebível em gente que, queira ou não, configura a opinião de outros.
É de louvar que citem Camões ou Shakespeare, mas responsáveis que são, nunca lhes ouvi referência a Harvey ou Eagleton, Illueca ou Espinosa, Petras ou Lapavitsas, nem um poucochinho sequer, a Louçã ou à Sandra, do melhor que a casa tem.

 
_______
 

Os que vierem depois do período de apodrecimento e depredação do planeta não dirão como nós, do fim do império romano, que nada dessa fase merece grande atenção.
Goza a nossa época da vantagem da multiplicidade de registos e descobrir-se-á que, em plena escatologia e degradação moral, no jornalismo, por exemplo, havia seriedade e arte no fazer.
Nunca o Avante! teve tão bons colaboradores, nunca tão ostensivamente se destacou do lixo em que existe, embora clandestinamente, quase, que qualidade e honra não se dão bem com desvergonha e negócio.
Talvez haja poucos que entendam, mas a desgraça de se viver entre sordidez e indignidade pode ser redimida se mais tarde disserem que até nas fases de baixeza maior há gente que é gente e anuncia um mundo novo.


sábado, 5 de julho de 2014


A manter este critério de só atribuir comendas ou fazer elogios a quem lhe gaba a acção, vai ter de procurar lá fora, que, por cá, só talvez o filho, bom seguidor do papá.
De qualquer modo, não largar uma das patacoadas da praxe, que aprendeu com Tomás, não de Aquino, mas de acá, quando o Saramago morreu ou Carlos do Carmo se distingue é simplesmente inaceitável, seja qual for o rancor ou a mesquinhez de espírito.

Querer honestidade e grandeza a alguém de uma sociedade que agoniza e vai morrer na abjecção, é com certeza pedir muito.
Sirva de consolação que, ao pior, segue-se a manhã mais clara, que os erros terão de nos trazer saber.

Desta feita, transformar a sociedade não há-de ser pura cosmética a esquecer dias depois.
Aqui e em toda a parte.

terça-feira, 1 de julho de 2014


Morta minha avozinha, que dessas coisas percebia, estou desactualizado em muita matéria de fé.
Julgo ter havido um papa, bufado pela inspiração divina, que nega existir diabo e o mal residir em nós.

Provável é o recém-promovido santo ter-se desorientado um pouco, que, em artimanhas, ao satanás, ninguém lhe passará a perna.
E a última, como eu entendo, foi ter mudado de nome e haver-se disfarçado de governo.

Se não, vejam.
Anuncia-se o senhor da saúde que, numa palração de esguelha, declara ser urgente investir em médicos, enfermeiros, pessoal, etc. e tal.

Vem o governo, corta.
Diz o grande mestre cervejeiro que mais impostos sobre impostos é simplesmente intolerável.

Vem o governo, corta.
Esforça-se o timoneiro da escola por alargar horizontes aos pequenos de palmo e meio, tirando-os da cama cedíssimo, repondo-os na cama tardíssimo, depois de percorridos quilómetros.

Vem o governo, corta.
Defende o querido presidente de todos a optimização do exército, capaz de enfrentar inimigos em terras que mesmo o Cristo esqueceu.

Vem o governo, corta.
De todos que me lembro ouvir, mostra triunfo, apenas, o distribuidor de esmolas e fomentador de pedinchice.

Mas tantas são as razões contrárias que não me fiarei em quem cuja pinta é sinceramente má e não parece exorcizado.