sexta-feira, 31 de outubro de 2014


O luxo de uns poucos é a penúria de muitos, dentro e fora das fronteiras.
Foi isto que nos impedimos de ver, enquanto não se meteram connosco.
Mesmo assim, ainda há broncos cujo umbigo é o centro do universo e berram porque as crias os prendem fechados que estão os acessos do Metro ou a porta da escola.
Os outros devem ter a obrigação de sofrer e nunca perturbar intenções.
Tudo na vida se lhes concentra na pança e satisfação do patrão.
Que este, atento ao serviçal zeloso, talvez sacuda as migalhas, em vez de as desperdiçar com o cão.
Se o pensar é de lacaio, há que ser dócil, servil, não vá o dono enxotar-nos ou mandar vir a polícia, com a missão de sovar os seus irmãos desarmados, velando pelo bem-estar de quem o explora também.
E nós, o povo comum, babados com a iluminação das montras, esquecemos que o capitalismo é só roubo, ferocidade animal, menoridade mental.

Depois de 40 anos de involução, numa recuperação continuada do que tinham perdido, vêm os cérebros do país, ao serviço do capital, aliciar para debate uns pobres que se dão por honestos, nos quadros da boa moral burguesa que nos dá, em prémio, o roubo como democracia.
Pois o princípio sagrado, que ninguém porá em causa, é o direito aceite em poder sangrar alguém, escudando-nos em qualquer coisa, herdada ou adquirida.
Torna-se, assim, permissível que haja uma miséria crescente, crianças a morrer de fome, áfricas vegetando em desgraça e metralhamento, por fim, de quantos pretendam rebelar-se.
Necessário somente, neste planeta de poucos, é perpetuar a extorsão e riqueza a carrear para a casa do explorador.
Sob uma dívida impagável e juros sempre crescentes, há que pedir misericórdia, mendigar por compaixão, de joelhos, que a humildade é virtude e as mãos postas em prece.
Deus há-de sensibilizar a banca, a banca que, na verdade manda, e não os agentes locais que, esses, quando não servem, são lixo, ainda que pertencendo à Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo.

 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014


Deus não é bom, como dizem, ou não nos escassearia em cérebros irrevogáveis, avatares do Renascimento, aliando à argúcia de uma visão científica a sensibilidade da arte do trejeito e arrastar de asa.
Por mais que me espiche no sentido vertical, só lobrigo, nas áreas que nos rodeiam, um de silhueta cubista, muito popular nas feiras.
Outro, mais virado ao futebol, perora, televisivamente, tendo a averbar a favor a caracterização do país pela história gigantesca que os restantes desconhecem, sejam gregos ou troianos, egípcios ou asiáticos.
Por ser minguado este erário, é que nos apegamos a eles, rezando que a máfia europeia não possa ver-lhes os méritos ou terrorista invejoso o rapte ao canto da rua, por bandas do Eduardo VII.
Aliás, não tardando que a lei nos obrigue a mudar o inspirado de Maria, BPN e Espírito Santo, convirá conservar as munições de reserva, embora já se veja ao longe um homem providencial, piedoso e Pio XII, que faz do dinheiro nosso ajuda aos refugiados, portanto, emprestando a Deus, sempre de bem com os céus e quantos mantêm negócios, profanos e por profanar.
Se a França teve por ela Hollande e Sarkosy, assiste-nos o mesmo direito, pois nunca seremos menos que galos com cacarejar de galinhas.
Somente o futuro dirá como Portugal vai fechar o ciclo da cretinice.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014


Excluindo a direita travestida, que diz chamar-se PS, pautando-se por Trilaterais e Bilderberg, anda a honestidade a reboque, sem autorização para falar e, quando o faz, é sob um ladrar furioso e resultados escassíssimos.
Haja ou não qualquer outra explicação, o receituário não colhe, já que o inimigo o conhece, munindo-se de razões e respostas.
Ora, porque o que se vive é novo, exige-se criatividade e imprevisto, uma imaginação mais fértil, consentânea com os tempos de hoje.
Se tal vier a acontecer, a direita, desconcertada, entrará na defensiva, atabalhoada nas réplicas, fraquejando em evidências.
Julga Sousa Santos impossível um Podemos em Portugal, sendo a nossa massa iletrada, ainda que a perorar de cátedra, cega e surda, embrutecida.
Será uma razão de sobra, face à extensão do desastre, que haja uma inventiva maior, um desentorpecimento enérgico, um ressurgimento explosivo.
Ou condenamo-nos a ver esta gangrena a alastrar, num nojo de país repulsivo.
Aja-se, por favor, ao menos, em nome de um resquício de decência.

terça-feira, 21 de outubro de 2014


Se continua a insistir que um eleito tem de cumprir o que prometeu em campanha, saiba que é um reaccionarão confesso, um democratóide ultrapassado.
Detenha-se a pensar, se o exercício lhe é possível, e reconhecerá, de certo, estar muito fora dos tempos, bem longe da moral em curso.
Acha, porventura, possível, que um país à deriva, onde a bandalheira se expande, com uma governação honesta de quem não se governe mas governa?
Seria uma aberração ilógica, pois, se uma eleição é a afirmação de um povo e há-de espelhar o que o povo deseja, quanto mais não fosse era um antidemocrático, traindo a expressão do voto.
Ou, onde as dificuldades se atalham por via de favores e influências, já que os tribunais pararam, onde o assentimento ao que se ouve dá doutoramentos e benesses, onde, como correntemente se afirma, só não rouba quem não pode ou sofre de um atrofiamento mental, não crê ser uma exigência absurda pedir uma governação honesta de gente a servir sem gula?
Tanto mais que, entrando nessa Europa civilizada, abdicámos da nação e há que obedecer e não piar.
Um conselho que talvez sirva: esforce-se por pôr em dia as ideias e aceite o que é a credibilidade, agora, partícipe no que o Führer concebeu, a subjugação do mundo.
Apronte-se que o inimigo está algures e, se não existir, inventa-se.
Menos manteiga e mais armas, até porque umas comissõezitas ajudam, sobretudo quando se é ministro, com pasta ou sem ela.

sábado, 18 de outubro de 2014


Dantes era o abre-latas somente.
Em fase de capitalismo agónico surge o abre-portas de ofício, melhor do que uma chave vulgar.
Esta, forjada para uma porta específica, abre sem escolha ou critério, cumprindo uma missão funcional.
Aquela serve portas comissionadas, terrestres, submarinas, aéreas, dado da maior importância, quando se tem pressa em enriquecer.
Naquilo que a custos concerne, é quase 100% de ganho, pois há a dispender apenas despesas de representação.
E, dado o precioso instrumento ser feito de matéria inerte, capaz de resistir a tudo, quanto se possa gastar é gasto bem investido.
Se pensa entrar no negócio e quer esmiuçar detalhes, consulte os especialistas no ramo das mais organizações beneméritas, com Tecnoforma ou sem ela.

Gosto de reger-me por princípios, não por estratagemas finórios, dado que os outros me merecem respeito e eu próprio exijo respeitar-me. E o Partido entendeu, desde que Jerónimo é Secretário, que são de recusar as alianças espúrias, que devemos negar-nos aos cambalachos políticos.
A separação das águas não nos trará mais votos e seremos acusados de dureza e intransigência. Representaremos, contudo, na imensidão do chiqueiro, um marco, uma referência, onde a desonestidade não cola, não medra.
Falta perceber, agora, que o poder não é objectivo em si, mas, sim, a consciencialização das pessoas, a vertebração dos quereres, sem bandeiras ou gritarias, em pedagogia miúda, que se aprendeu no fascismo.
Porque é luta entre classes, a que explora e a explorada, sendo esta que escreverá o futuro, governando, não governada.
Creio “Podemos” um exemplo, inventivo, criador, imprevisto, inovador.
A iniciativa, já nossa, deixa o inimigo surpreso e encurralado, na defensiva, pois não lhe servirá de nada a experiência de milénios de domínio e exploração.

terça-feira, 14 de outubro de 2014


Se temos olhos na cara, de pouco nos vêm servindo, já que nos falta miolo e de dignidade nem pio.
Explica-se, portanto, sem dúvida, esta submissão unânime, com uns a reverenciar lá fora e outros reverenciando cá dentro.
 
Erro, trapalhada, burrice, roubo, cambalacho ou luvas, nada justifica arrepios, nada nos arredará do desastre.
O que é histórico, aliás, desde que o Venturoso reinou, dilapidando o país que lhe havia saído na sorte.
Agora, estamos arrastando os pés, sempre na esperança de um dono que não  nos trate à patada.
E, dado que o sonho não morre, persiste-se em lamber as botas, descrendo de virtudes próprias.
A Byron, a descoberta de Sintra, que, só a partir de então, passou a bem precioso.
Foram os ingleses em chusma a tropeçar no Algarve com o que lá nunca víramos.
Eis porque a verborreia não pára, de águas quentes, areais, mesmo ricos prazeres do golfe.
Houve também um actor, americano ou inglês, que, em tempos pouco afastados, perdeu-se por terras do Letes, esquecido da treta algarvia.
Um só, porém, é pouquíssimo e não nos convencemos ainda, querendo a confirmação de outros mais.
Pois olhar, decidir por nós, não, jamais, se a responsabilidade é muita e, em costas sempre vergadas, não há peso que se aguente.
Assinado: Béu! Béu! (Sei, também, dar ao rabo)

quinta-feira, 9 de outubro de 2014


Miúdo, já então me impressionava o pobre que descia das serras para pasmar, embasbacado, à beira do propagandista da banha ou de um chá miraculoso.
Pois o caso não era para menos, que diarreias, enxaquecas, unheiros, maus  olhados, febres malsãs, tudo se curava num instante, depois de uma aplicação de pomada ou ingestão da tisana.

Até porque estava em criação, nunca me ocorreria pensar que esses vendedores de mezinhas viessem a reincarnar governantes e elite de palradores encartados.
Mas pior, ainda, é esses crédulos da infância deixarem de baixar dos cumes, antes enxameando o país, epidemia sem cura, numa suinização infrene, maná, doce maná de agiotas, ladrões, videirinhos, serviçais, quantos não se impedem de babar, ouvindo tilintar o oiro.

Que é esta a máxima razão de alguns, ontem, começando do nada, hoje, enxundiando-se na banca, empresas, assessorias, rabulices … parlamentos.
Quem é que supôs encontrar uma coincidência esquisita entre o grande bródio actual e vagas sempre crescentes nas doutas faculdades de direito?

São tantos ou tão poucos os advogados da treta que tem de haver para aí uma explicação qualquer.

terça-feira, 7 de outubro de 2014


Quem se detenha neles, de imediato, entenderá que, por miopia mental ou por sacanice videirinha e sempre egoísmo animal, não querem nem podem querer uma hipótese de alternativa, já que perderiam vantagens que só a merda proporciona.
Como sobreviveriam carvalhos, pereiras, nogueiras e demais flora, se houvesse carência de estrume nas terras de Portugal?

Onde refocilavam leitões e suínos esfomeados se se higienizasse a pocilga ou o negócio acabasse?
Preserve-se o meio ambiente, respeite-se a fauna e a flora, descubra o ratinho patego a taxa que nos compense dos cortes.

Suplica-se que o dinheiro a haver não vá a sumir-se no BES nem bolsos que parecem ser sem fundo.

Heróis do mar!...

            Ó malhão, malhão,

            que vida é a tua…

Nobre povo!

            Ó Rosa arredonda a saia…

Nação valente!

            Ai, ai, ai, linda machadinha,

            salta para a rua…

                        enferrujadinha…

           

segunda-feira, 6 de outubro de 2014


Custa a crer a rejeição, com benzeduras exorcistas, das ajudas generosas que o FMI lhes tem dado de há quatro décadas para cá e, agora, num requinte supremo, está aplicando à Europa da história e da civilização.
Gabam-se de, uma vez libertos, terem combatido a pobreza, aumentado o bem-estar, a saúde, a educação, sem atender a inflações, enquanto nós, europeus, de receitas a encolherem, mas uma moeda segura, vamos correndo à miséria, à putrefacção social e à organização excelente de uma governação de direita, fascista assumida ou não.

Não vêem, como idiotas que são, que a estupidificação dos povos é passo para o fim da história, querendo, desvairadamente, penso, um socialismo XXI, ou coisas à volta disso, onde pessoas comuns, nascidas para obedecer, tentam inventar futuros.
Esquecem-se, em revoltante amnésia, que fomos nós, superiores, a ter os direitos humanos, inexistentes, decerto, mas figurando em papel, mais a democracia electiva que nos permite alhearmo-nos e a modorra cerebral no que à política respeita, para não se falar da nobreza de guerras pelo mundo inteiro, numa santificada missão de ensinar a quem as sofre a sublimidade económica, social, civilizacional da destruição criativa, sic Schumpeter

Falta-lhes, por fatalidade funesta, uma luz de redenção nas mãos de um primeiro-ministro que cavalgue alegremente o capitalismo predador.
 

domingo, 5 de outubro de 2014


Revolta a crueldade islâmica que está a degolar pessoas, muitas dos países civilizados que lhes bombardeiam cidades e pilham as riquezas e bens.

Parecem não haver entendido que, entre a brutalidade da faca e a delicadeza da bomba, a diferença é abissal, evidenciando a nobreza da civilização do Ocidente.

Experimente-se dar-lhes os meios com que destruir Paris, Londres, Nova Iorque ou Berlim, e adoptarão com certeza as guerras de civilização que nos permitem brindar Síria, Afeganistão, Iraque, Somália, Mali e, até, a Ucrânia europeia, de benefícios diários que toda a gente conhece.

Como a estupidez tem limites, concorde Einstein ou não, o bom exemplo encarrila os muitos transviados do mundo.

Que, por azar, são possuidores de petróleo ou se encontram muito próximos dele.

 

sábado, 4 de outubro de 2014


Quando da dívida se fala, começa, normalmente, a discussão a meio.
Experimente-se ver na competitividade o motivo e todas as peças encaixarão sem mais.

Face à concorrência da economia emergente, as reduções nos lucros não se fizeram esperar e duas são as soluções achadas para as conseguir atalhar: deslocalização de capitais e exploração cruel de quem trabalha.
Só que aos povos a sujeição nunca pode ser consentida, se não estiver apoiada em razões imperativas.

Foi sempre esta a justificação das guerras, que, além de pilhagem de bens, canalizavam tensões e abriam caminho a medidas em tempo de paz impensáveis.
Contudo, o recurso às armas tinha prejuízos enormes, muita destruição excusada e, mesmo, revoltas, por vezes, como em Outubro de 17 e o nosso 25 de Abril.

As vantagens penderam para as guerras económicas, que são abstracções complexas para quem não estiver por dentro, e justificam sangrias com o endividamento dos Estados.
Depois, segue-se-lhe a assumpção de compromissos e um enredamento em cláusulas onde uma pessoa se perde, mas os especuladores se encontram, na vampirização dos devedores.

Foi congeminada a estratégia pela Trilateral e em Bilderberg, pelos que preconizam há muito a cordial amizade entre o Costa e o Rio, porque os títeres anteriores fizeram o que havia a fazer:entregar a economia à finança, com tratados a manietar recusas.
Para isso, tilintaram o oiro e Cavaco, Burroso, Guterres e Sócrates salivaram em submissão canina, com todos os compromissos de honra de um “paga e não bufes”.

Os que hoje, exactamente, com seus acólitos e serventes, bradam que a honradez obriga e não há que fugir.
Pouco interessa se a dívida é justa ou injusta, se o juro é de amigo ou de agiota, o que importa é a rendição e um colaboracionismo proveitoso.

Veja-se onde se encontram eles e perceber-se-á que o prémio compensa bem a traição.
Pior é a gente espoliada não lhes dizer claramente que, tendo sido eles a governar ou desgovernar estes anos, assumam as responsabilidades que lhes cabem, não queiram chouriços com o sangue alheio.

Mas não, repete-se com o Estado o que se passa com a banca: eles roubam e asneam, nós pagamos e não bufamos.
Abençoada imbecilidade a nossa!

Nem mesmo com a justiça em coma, a educação embrulhada em atrapalhações matemáticas do grande cientista Crato, ou a demolição sistemática da saúde nacional por um carrasco sem lei, ou o salta-pocinhas de um Goebbels, a gaguejar parvoeiras sobre um assistencialismo piedoso que desresponsabilize o Estado, com uma obstinada em fracasso a verrumar no erro que pôs o mestre a mestrear o desastre mais encostadinho a quem manda, mais sossegadinho no prémio de venda e traição ao país, vampirizado, a esvair-se numa vassalagem ignóbil.
Nem assim há estertor que nos erga da lama e ponha esta quadrilha a ferros, antes que se escape, com as contas a engordarem números em paraísos fiscais.