Vamos a ver se nos entendemos.
Uma criança de mama reconhece que o mundo é finito, logo, de
recursos finitos, com dificuldades, custos, poluição crescentes na extracção.
E qual a palavra de ordem mais ouvida?
Crescer.
Ouvida, inclusive, da boca dos que dizem ser a crise actual
consequência de um excesso de produção.
O que antes exigia muitos dias a criar, surge pronto e
expedido num abrir e fechar de olhos.
Assim sendo, volta e não volta, o mercado saturado não
comporta reduções nem no número nem no preço e as acumulações armazenadas já
não têm onde ficar.
Contudo, crescer, crescer, crescer é a obsessão de todos,
apesar da constatação anterior e apesar de se dizer, em estudos especializados,
que o que se produz de momento cobre as necessidades do mundo e ainda sobra
10%.
Como compreender, então, que se repita a tolice sem se ver
incongruência?
Depois, é a máquina da ganância a aumentar ano a ano o lucro
de accionistas.
Se hoje são vinte, sobre os vinte anteriores e hão-se ser
outros vinte sobre os vinte de agora.
Por certo, visando o infinito contra a finitude das coisas.
E, a continuar o sistema, ninguém accionará os travões,
porque, se aqui se negarem os tais vinte, pelo menos, o interessado bate as
asas, indo à cata de muito mais.
Em que se fica, então?
Ou o caminho vai ser outro ou tudo isto rebentará, como já
está acontecendo.
O crescimento é possível na saúde, educação, segurança e
bem-estar, não na fúria consumista.
Como?
Com distribuição racional, humana, onde a grande maioria não
morra para sustentar uns poucos, de que maneira!
1%, mais os 9% de lacaios, detêm os 80% da riqueza mundial.
Não é por aqui, portanto, que a justiça passará.