sábado, 20 de dezembro de 2014


De nada vale a alguns quem nos precede e avisa.
Mais cães que pessoas, aferram-se ao osso e rosnam.
Já Marx e Engels escreveram que o capitalismo embrutece, desumaniza explorado e explorador.
Um, condenado a suportar a canga, outro obcecado na obtenção do lucro, ambos a ignorar a vida, uma vida plena que é curta, efémera e irrepetível.
Ande-se a pé ou de Ferrari, o destino é o mesmo, com muito ou pouco.
Pode o inocente julgar-se compensado além, por um Deus generoso, Alá ou Jeová, que não há.
O criminoso, porém, o que teve prazer na miséria dos demais, esse nada espera dos Céus ou agiria de outro modo.
Porquê, então, embebedar-se no luxo, se a droga, em vez de felicidade, avilta?
Inteligente é morrer sem nunca se ter vivido?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014


Seja derrotista quem queira, que, graças a Deus, vejo bem e, sem ser uma síntese ideal de Entre-Douro e Minho e África, nasci em Olhão, Marrocos de Cima, a dois passos do de Baixo.
Dispenso que o eleito de Bilderberg venha empolgar-me com Ceuta, precisamente do lado de lá mediterrânico.
Basta-me a colossal proeza, nestes tempos de epopeia, os de hoje, de lograrmos o favor de ter, em águas nossas, uns tantos por cento a mais de jaquins que o presidente muito aprecia no prato, com arroz e pimentos.
A troco de uma redução de cota, em bacalhau e pescada, é certo, mas as vitórias históricas têm preço em sacrifícios, como muito bem nos explica o Duce.
Entre chamar a nós o petisco presidencial e perder pontos no que só deve ser para ricos, ninguém hesitaria em ceder e foi quanto fez a ilustre governante.
Pelo que exijo que lhe seja outorgada a nobre Ordem do Infante.

No que respeita a promoções por mérito somos os mais bem servidos da Ibéria.
Haja, em terras de Espanha, Marilós televisivas, que incultura e calinada a nós não nos afectam nada.
Preferem-se os presidentes de tudo que agem sem que percebam de nada, pois o que importa é título e, obra, a mentira basta.
Fala a Mariló, a nossa, de “inconseguimentos”, ripostando um presidente com “cidadões”, que o falar de indígena é desprezível, a honra está em inglesar na linguagem do patrão.
E, quando se parte do pouco na ânsia de chegar ao muito, compensa-se uma preparação apressada com uma ginástica de espinha, sorrisos, compadrios, intrigas, sendo o ascensor da moda a politiquice caseira, fácil, ao alcance de mentecaptos, mas nobilitante e rendosa.
Tanto que, aos quarenta, já é possível reforma na casa dos bons milhares.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014


É uma merda de povo que, entre a estupidez e a cobardia, sem saber o que escolher, opta por se acomodar nas duas.
Ora se coça, em bocejo, na lazeira da caserna e tu pagas, idiota, ora diz-se jornalista com cavaqueira de tasca e tu pagas, idiota, ou vegeta na miséria dos dias e tu pagas, idiota, mas sempre a aguardar a sorte, poupado o euro de um copo.
E assim, é assim mesmo, que eu quero e posso e mando, diz o cervejeiro ministro no rosnar de um bull-dog.
Pois, talvez, que, ao fascismo de meio século, outro meio século fascista se junte que tudo se pode aguentar, haja futebol aos domingos, às terças, às quartas, às sextas e tu a pagar, meu cabrão.

Agónico, sem dúvida, mas antes da morte há estertores, revolta de quem está aferrado à vista, pois, por muito crentes que sejam, dispensam as delícias do Céu e esquecem o amor a Deus.
É no pressentimento do fim que a fera desespera, destruindo e matando.
Sousa Santos assim o diz, assim houvesse quem oiça.
Por desgraça, como é hábito, hão-de assobiar para o lado e, ao rugir da tempestade, irão subir, de rastos, as escadarias de Fátima e pingarão uma esmola, a subornar qualquer santo.
Feito isto, tendo a consciência tranquila, vão avaliar todo o estrago, se não se realizarem, esse dia, encontros de uma das milhentas Ligas.

sábado, 13 de dezembro de 2014


Duas coisas ouriçam os cidadãos apolíticos: as greves prejudiciais e todo o peixe com espinhas.
Gabando-me tanto a esperteza a minha falecida avó, lembrei-me de tentar saída que sirva a prosperidade presente.
Não no que se refere ao peixe, que, esse, é criatura de Deus e eu, quanto a decisões celestes, nem prego nem estopa, acato.
Mas a greve é humana e de homens sem coração que pretendem impedir-me de chegar onde quero ou gozar de uma viagem que venho projectando há muito.
Tudo porque temem, apenas, a requalificação e o desemprego, razão de sobra, a meus olhos, para que se lhes trave o desatino.
Há quem defenda o direito de defender-se e aos seus, até com sábios governantes aceitando o privilégio.
Acho, contudo, possível uma resolução a contento, que em nada afectaria o progresso: greves aos domingos quando todos descansam e não nas horas de serviço.
E os que, porventura trabalham à noite e em períodos de lazer, fá-lo-iam na reforma, criando um banco de horas para a ressurreição futura.
Todos beneficiaríamos, assim, de uma solução viável e justa e económica.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


Regredidos que estamos às guerras de religião, onde à misericórdia divina, do Pai Eterno, afrontamos maldades e fanatismos de Alá, parece muito urgente apontar que entre nós, os puros, há uma perdição em curso, obra do demónio, sem dúvida.
Está bem à vista de todos que, em pontos de decisão e mando, gente disfarçada de artista, com mentira domina, nos obriga à blasfémia de amaldiçoar a vida e a mãe que nos pariu.
São, em geral, aqueles que batem com as duas mãos no peito, evocam o Deus aos domingos e exigem de nós sacrifícios.
Sendo que sacrifícios, fora da ideia deles, é oferta que se faz aos deuses.
Logo, até nesta matéria sensível, a mentira cobre a verdade, pois quanto se rouba em esticão, some-se o roubo na bandalheira da banca, PPPs e sorvedouros, onde, ao abandonar a política, como falsamente o afirmam, instalam-se governantes, ex-governantes e afins.
Portanto, além de incorrecto, de um ponto de vista linguístico, é ainda sacrilégio, heresia, atrai a cólera divina, capaz de nos esturricar com raios, daqueles que nos partem a todos.
Sugere-se, a bem da nação, que nos precatemos do céu, fazendo, com antecipação, em baixo, o que os espera no além: o penar eternamente em braseiros infernais e diabos, diabões, tridentes revirando corpos mortais.
Mesmo porque, nos tempos de crise, podem reconfortar-nos na fome, pingue churrascada humana que alguns, de tão nédios, prometem pançada.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014


É simples constatação que o esquerdismo, uma vez terminada uma missão provocatória de ataque à esquerda consequente e, com sua actuação extremista, justificar a força da reacção bruta, que dizem combater, vão-se acomodando em diferentes quadrantes, muito frequentemente de direita assumida e nunca na zona onde a revolução se defende não por voluntarismos mas porque a sociedade exige, já que o que existe não responde e é entrave.
Como a história lhes registou as contorções ou piruetas e o descrédito é repulsa por traidores, quando algo novo parece impor-se, logo os conformismos assinalam perigo, confundindo com esquerdismos.
Assim ocorre com o “Podemos” em Espanha, primeiramente ignorado, depois escarnecido e, agora, combatido, vilipendiado, exorcizado, numa intensidade crescente, à medida que ganha força.
E não há pantufeiro nacional que, temendo pelo sossego e cómoda paralisia mental, a entreter-se com o osso que lhe deram para o distrair, não se mostre consternado, porque quanto for diferente, inédito, fora de estreitíssimos padrões, assume nas boas almas proporções apocalípticas.

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Dois parecem ser os momentos de reflexão a respeito do que se disse.
1 – Porquê a cambalhota do pseudo-revolucionário?
2 – Com que base se confunde “Podemos” e extrema-esquerda?

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No primeiro caso, atitudes assumidas vêm da necessidade de dar nas vistas, numa afirmação do ego, como é lei entre adolescentes etários ou mentais.
Esta é a razão por que Lenine definiu o facto de doença infantil.
No fundo, jovem ou adulto, move-o um complexo de inferioridade e a ânsia de não ser só um número entre números.
De uma maneira ou outra, procuram encontrar um rasgo que os erga do anonimato e negue, na aparência, o complexo de inferioridade que os martiriza.
E qualquer coisa servirá: inteligência, raça, sangue, dinheiro, estatuto, civilização, seja o que for, que os torne superiores.
Assim se encurta o espaço que medeia entre os dois extremos, que acabarão por tocar-se.

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Para o segundo ponto, a resposta possível é o absurdo, dado que o movimento procura exactamente a liberdade nos outros, a grandeza individual numa continuidade entre humanos, atacando os super-homens, apelando à força de ânimo, despertando o pensamento, a vida no seu devir.
Esbatem-se os chefes e constroem-se cidadãos, não se pretendem rebanhos mas gente que se entreajuda, luta-se por uma criação constante, recusa-se delegar, entorpecer, estupidificar.
Distância maior em relação aos extremismos é impossível existir.

 

Politicamente, é idiotocracia, economicamente, é uma cleptocracia, futuramente, é desgraçocracia, a julgar pela fuga dos jovens, o país destroçado, uma dívida impagável, mas castrante.
É uma honra, contudo, ser-se colónia da Merkel ou posar com o Hollande, prova viva da baixeza que atingiu o socialismo.
Melhor dizendo, os chuchas, ocupados em carrear a riqueza do trabalho para os cofres do capital, a troco da missão de maiorais e tão esganados como outros, ditos sociais-democratas.
E a desfaçatez sem pejo, além de desacreditar a esquerda, tem a proeza emérita de fazer renascer fascismos e acirrar xenofobias, com farroncas imperiais.
Que, se não se perder o naco que fomos roubar aos fracos, até a civilização é guerra e moral a predação.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


Sem querer emular a eloquência cavaquista, faço questão de afirmar, cidadões, que idiota é o idiota que, mesmo não sendo idiota, consente que o tratem de idiota.
Tão filosófica asserção dimana da experiência vivida, em país de idiotas, que, uma vez libertos dos idiotas chupistas, voltaram a render-se aos idiotas restantes que se apressaram de imediato a promover idiotas.
É uma história de idiotas que um idiota como eu não entende facilmente.
Vou contar.
Um idiota encartado, que outros idiotas carismam como idiota messiânico, cria um partido de idiotas, talhado com dinheiro de idiotas para travar e arrasar o que os não idiotas construíram.
E, em país de idiotas, onde ainda prosperam muitos preconceitos idiotas, venceram os terrores idiotas, regressando a casa os idiotas ladrões que tinham procurado recato em sítios também idiotas.
Além disso, na prevenção de uma surpresa idiota, os idiotas caseiros chamaram em ajuda os idiotas estrangeiros, que, contentes do mando, cederam a gestão local aos idiotas de dentro, segundo as suas regras idiotas.
E chame-se o idiota Carlucci ou seja idiota um tal Juncker, somos idiotas todos nós que, idiotas, estamos aguentando que nos vendam a retalho aos grandes idiotas do Deutsche Bank, nada idiotas no que se refere ao ganho.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


Depois de, ao poder de facto, juntar a confirmação de jure, abocanharam tanto e tão pouco que lhes faltavam mãos para abarcar o todo.
E contrataram criados entre os esganados da plebe, que, segundo os cálculos, rondam 9%.
Confiados num serviço capaz que aos lucros lhes acrescente mais lucros, instalaram-se na placidez confortante das ilhas e paraísos fiscais.
O bom servidor descobriu que, havendo portas abertas do público para o privado, seria mais fácil a gestão alicerçada na lei que o próprio iria criar.
A promiscuidade ganha, então, visibilidade sem pejo, que o espoliado consente, votando sempre em quem rouba.
E, deste modo se afirma, com privilégios legais, talhados muito a seu gosto, a canalhada política de profissionais videirinhos.
Sendo que se ouve dizer da necessidade de mimá-los, não vão fugir os melhores.
Fosse cidadania a política e não monopólio de alguns, nunca a corrupção poria este país como está.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014


Enternecem as boas almas e toda a estupidez das mesmas.
Há pobreza entre nós?
Pois, em vez de revolta e reposição de direitos, são muitos os voluntários a  mendigar-nos a esmola, numa exibição idiota da grande pequenez de ideias e de dignidade inexistente.
Supor-se-ão muito honrados em almofadar um sistema que inventara no fascismo Socorro Social e Movimento Nacional Feminino.
Se se fala em emigração e na sepultura mediterrânica, não acham bem, não senhor, que tal possa acontecer.
Mas eu ouviria com gosto alguém que referisse os recursos e a pilhagem de que são vítimas as várias regiões citadas como uma chaga do planeta.
Dá-se por saber adquirido que o terrorismo vem por si, fruto de uma geração espontânea, sem que as mãos na consciência busquem, por análise mais séria, as razões da violência.
E fica-se a solução encontrada, pela força da bruteza, gerando uma reacção mais bruta.
Vista a inutilidade do estudo, acabo por concordar com quantos fizeram da História estatística e puros feitos alcova.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014


Vivemos simplesmente num mundo de surpresas.
Armam, os americanos, fanáticos, que escapando ao controle, em vez da docilidade esperada, afirmam-se independentes, rebelões.
Malditos terroristas!
São escancaradas as portas da impunidade, com passagem gratuita e aliciante, entre público e privado.
E, não tarda, o despudor é norma e a imoralidade, inteligência de espertos.
Quem diria!
Andam presidentes e menores, através de continentes, oferecendo aos bocados um país despedaçado, de erário já esgotado, que não tem com que pagar reformas, saúde, ensino.
Pois se vivíamos acima das possibilidades!
Entra fronteiras adentro um certo funcionário bancário e diz-nos que o orçamento só será aceite, se agradar ao patrão, dado que são essas as condições e o cumprimento é sagrado.
Não há alternativa!
E nunca se vê que soberania é dignidade e, numa América Latina que antes passou pelo mesmo, soube-se dizer “podemos” e puderam.