domingo, 15 de março de 2015

A ritualização do roubo exigia templos próprios e chamamento aos fiéis, que, em manada, iam comungar no voto.
Aliviavam tensões e, em festas, havia as pipas e fêveras a rechinar que a pifieza dos tempos substituiu por esferográficas, saquinhos e camisolas.
Também o convincente cacete deu lugar à promessa ou de um tacho ou de um  favor, em argumentação moderada.
Mas às goelas do lucro, insaciáveis, não bastava o que engolira e a experiência aconselha inovações radicais.
O receituário da América só foi profícuo após guerra, quando a Europa em miséria se dava a qualquer um.
Anestesiaram-se os povos em cedências e mais festanças e a exploração travestiu-se.
Mas, sendo tudo muito efémero, surdem lugares que, já tarde, quiseram reaver o seu.
No Chile, que foi um deles, a força bruta actuou, torturas, execuções, horrores, a arrepiar todo o mundo, ainda que megafones louvassem a escola dos Chicago Boys.
Houve que congeminar nova ideia: acirramento ao consumo, agiotagem da dívida, vitimização do tonto.
Só que a negociata emperrou e há lunáticos da dignidade a recusar pôr-se à canga.

Extremistas!

1 comentário:

  1. É muito bom voltar a contar com as "Irresiliências", que me habituei a ler todas as manhãs.

    Obrigada.

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