domingo, 29 de março de 2015

Arreiga-se em mim a convicção de que somos eleitos.
Desconfiei em tempos, erradamente, se diziam que, pese a roupa rasgada e o traseiro de fora, eu era um pilar da civilização.
Uma hipérbole de saciar qualquer ego, sem dúvida, mas, quando a esmola é de mais o pobre não acredita. Assim eu.
Com e após o respirar de Abril, fui-me considerando normal, tão simples como qualquer negro ou amarelo.
Mas, graças às provações de agora, voltei a querer encontrar-me à parte, ajudado que sou pela eloquência de alguns.
O parlapatão, por exemplo, a apontar-me uma história tão dilatada e heróica que gregos, romanos, egípcios ou filisteus jamais ombrearão connosco.
Mais que tudo, porém, a alicerçar-me as ideias, a governação de eleitos que me foi dada pelos céus.
O capitão tem missão, como um tiranete se preza, o gaguinho dadivoso, na sua palidez de asceta, desunha-se em sopas dos pobres e mente como um jesuíta, a bêbeda, apesar dos tombos, mantém-se à tona do gin, perdão, à tona da água e, para me ater ao que importa, refiro a insossa, que em ensinamentos da Bíblia, nos vende os caminhos de futuro para jovens: crescei e multiplicai-vos.
Esqueceu-se dos meios, monetários, decerto muito exigidos pela prole.
Também não julgo preciso, que deve pressupor-se saber o que a parábola explicita no meigo Sermão da Montanha : “Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam, contudo vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles”.

Sem comentários:

Enviar um comentário