Vê-se com asco o pequeno vadio que chula mulheres à procura
de afecto, que, no exercício da vida, vende arremedos de amor aos que lhe
queiram pagar qualquer solidão a dois.
Gaba-se contudo quem suga centenas, por vezes milhares, que,
acumulados em fábricas, empresas e
variantes, se esfalfam para contentar o chulo a quem sustentam.
Onde encontrar diferença se a intenção é a mesma e a
exploração não difere?
E note-se: o primeiro é cioso e defende à naifada a pessoa
que o mima; o segundo não reconhece sequer quem lhe permite o estadão e a
aventurança entre os seus.
É que a um escasseiam recursos que convém preservar e ao
outro a miséria não falta donde ele possa lucrar.
Curioso é dizer-se que a história evolui porque nem o
burguês é um nobre, nem o nobre era um patrício.
Contudo, esclavagismo, feudalismo, capitalismo, são máscaras,
apenas, de uma só realidade: um homem explorando outros homens.
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