terça-feira, 31 de março de 2015

A má vontade é, sem dúvida, uma motivação possível para a UNICEF dizer que a Grécia, apesar de tudo, quanto à protecção da criança, está à frente da U.S.A., onde os 75 milhões na miséria vêem as fortunas de alguns ultrapassar, de longe, os orçamentos de muitos estados do mundo.
O que parece ser mérito, visto a ministra, que temos, mesmo com toda a desgraça à volta, gaba-se de que os cofres cheios… de dívidas à banca, é certo.
Donde se concluí que é verdadeiro quem mente, agarradinho ao seu tacho com que a servidão lhe pagou, e diz que o país está liberto, até muito melhor que antes.
No que até tem a razão, dado que o país são eles que, do anonimato de aldeia, alçaram-se à notoriedade dos VIP, em mordomias, benesses e, até, uma prescrição de impostos.
Verdade, verdadinha, parvos, se há, outros serão, não eles.
Certamente nós. 
Meça a estupidez dois metros ou quede a muito pouco do nada, venha de Lisboa ou do Porto, compraz-se, triunfante, na asneira que a Reuters, por ofício, produz e, desdenhando contrastes, confirmações, lança nos ares a tolice polua ou não o país.
Sendo o silêncio de há dias presságio de agouro, para ele, rompe, de súbito em triunfo, que a Grécia, afinal, vergara e, contra os compromissos com o povo, impostos e IVA aumentaram.
Só um pormenor se omite, que o último escalão é que paga e produtos de luxo vão no rol.
Coisa que Bruxelas rejeita, pois, se temos de penalizar alguém, seja o pobretana, o rico não, que o sonho de Europa é ombrear com uma América plutocrática de bilionários.

domingo, 29 de março de 2015

Arreiga-se em mim a convicção de que somos eleitos.
Desconfiei em tempos, erradamente, se diziam que, pese a roupa rasgada e o traseiro de fora, eu era um pilar da civilização.
Uma hipérbole de saciar qualquer ego, sem dúvida, mas, quando a esmola é de mais o pobre não acredita. Assim eu.
Com e após o respirar de Abril, fui-me considerando normal, tão simples como qualquer negro ou amarelo.
Mas, graças às provações de agora, voltei a querer encontrar-me à parte, ajudado que sou pela eloquência de alguns.
O parlapatão, por exemplo, a apontar-me uma história tão dilatada e heróica que gregos, romanos, egípcios ou filisteus jamais ombrearão connosco.
Mais que tudo, porém, a alicerçar-me as ideias, a governação de eleitos que me foi dada pelos céus.
O capitão tem missão, como um tiranete se preza, o gaguinho dadivoso, na sua palidez de asceta, desunha-se em sopas dos pobres e mente como um jesuíta, a bêbeda, apesar dos tombos, mantém-se à tona do gin, perdão, à tona da água e, para me ater ao que importa, refiro a insossa, que em ensinamentos da Bíblia, nos vende os caminhos de futuro para jovens: crescei e multiplicai-vos.
Esqueceu-se dos meios, monetários, decerto muito exigidos pela prole.
Também não julgo preciso, que deve pressupor-se saber o que a parábola explicita no meigo Sermão da Montanha : “Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam, contudo vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles”.

sábado, 28 de março de 2015

É complicado entender que uma Alemanha nos dê grandes poetas e músicos e cientistas, filósofos e venha subitamente a engendrar monstros que até se julgam pessoas.
Há já uns tempos nos olha uma focinheira feroz, a transbordar frustração pelo tolhimento em que está, no gozo de um colossal poder que pensa vergar a Europa.
Foi, no entanto, um azar seu termos dignidade por cá, onde não se supusera existir, já que o país é pequeno e tinha mandantes corruptos.
Perdeu o bicho a razão e é vê-lo a ressumar o ódio tão brutamente mostrado que outros, obedientes ainda, hão-de estremecer de nojo, mesmo que os povos modorrem não libertados do coma. 
De bojarda em bojarda, vai este louco remando, na direcção que convém: pôr-nos em escravatura e ele, grande capataz-negreiro, irá sentar-se na mesa dos grandes.
Grande, numa ideia bem sua, é todo aquele que manda e os outros contarão apenas se derem quanto se espera em sangue, prole e trabalho.
Gaba-se do país vir ser o “mais competitivo do mundo”.
Só isto!
Como se consumará milagre tão espantosamente imprevisto?
Observando a receita de Hayek e Milton Friedman em tradução afro-europeia; todo o capital sem peias, impostos só amanhã, direitos findos de vez, com  toda a gente a pagar o estudo, a doença, o viver, por tudo e, caso se veja rebeldia surgir, Guantánamo, que, para exigências do tempo, um terrorista, só morto.
Mas há sempre em tudo algum mas, e onde boas contas as deita o preto, emenda-se para boas contas as deita o branco.
Pois a estupidez já atingiu limites.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Um destes patetas a soldo que, dita a piada, nos olha, à espera de efeito que pague, erguendo-se em bicos de pés e em contra-corrente de tudo, expele num evacuar obsceno, que faltam ainda reformas, pois a austeridade está bem.
Asneira bem pronta e a jeito, depois de um conto fantástico de cofres repletos… de dívida à banca.
O direitista de avio esqueceu que liberal era, em tempos, progresso e mesmo esquerda maior, dois séculos já vão passados.
Notícia por que não cobrarei nem nada, dado portalegrar-se já tarde de mais e, assim, caducada a validade da coisa.
Mas é de estranhar que bizarria de gentleman, visível e pouco, em nevoeiros de Albion, consiga atrair pategos daqui.
Espertos que julgamos ser, abrimos as portas ao vírus fatal que, cedo ou tarde nos há-de matar: um ébola de ensaio dos Chicago Boys que eles espalham em razão de tudo.
Partindo do golpe de Pinochet no Chile, chegou à Europa a epidemia testada, envenenando intenções, cordialidades possíveis, o respeito pelo ser, a fraternidade entre os homens.
Quem vier a meu lado quer saber-me as fraquezas, que ninguém se aproxime porque dissimula um crime, nunca fiar em quem se ri, que é mau, pode a traição inesperada ocultar, a Norte ou a Sul o punhal nos espreita.
E, em instilação diária, do berço ao passamento, a televisão lidera o envenenamento da vida.
O que explica, sem dúvida, a opção criteriosa por idiotas venais que zurram, doutores no entendimento de tudo.
Trágico, que a esquerda que, na realidade, o seja, aceite linguajar inimigo, onde a palavra-farol é sempre competitividade.


Nota: se necessitar um antídoto contra a desgraça do tempo, leia a obra conjunta de Vasapollo, Martufi e Arriola, Il Resveglio dei Maiali, dobre a finados do capitalismo em crise. Há tradução espanhola.

terça-feira, 24 de março de 2015

Que se passará connosco, que admitimos ao louco, no seguimento da louca, regozijar-se com cofres do roubo a crianças, velhos, doentes e a todos nós?
Sem que se aperceba do asco do país inteiro, foi a bojarda largada entre jovens indefesos à intoxicação da bruteza.
Fazer gala de crueldade, só em campos de concentração e, se é para reincidir nos tempos abomináveis, o homem não será só mau, pois além de mau é estúpido, incomensuravelmente estúpido, muito abaixo do burro que, dizem, não tropeçar que uma só vez na pedra.
Com farda ou sem farda, o mordomo é lacaio, ainda que beneficie de ração melhorada à da criadagem comum.
São estes 9% que gerem a vida fofa de 1% que tem o mundo por coutada sua.
Mas, não lhes bastando gerir, mordem para defender um futuro onde quem mais rouba é rei.
Foi competitividade o nome da sujeição ao projecto do homem lobo dos homens, onde é devorado quem perde.
Sopram novos ventos, contudo, e a poluição adensada está a dispersar-se aos poucos, mesmo entre gente de pituitária mais rija.
Todos merecem respeito, se pessoas e não bestas. A camaradas, além de respeito, lealdade.
Mas dá pena ver, na Grécia e… algures, quem se creia puro entre puros e não entenda o momento.
Ser marxista não é aviar receitas, mesmo de eficácia provada, antes, mas não agora.
Exige o pensamento marxista não a traição de princípios em oportunismos, como quando quisemos casar com quem já se renegara há muito, mas, analisando o instante, sempre novo, há que encontrar o possível e factível que vise a consecução do certo na via do objectivo a atingir.
Inteligência e pulhice não são o mesmo, é sabido, e a ortodoxia de alguns esqueceu o quanto terá custado ceder em Brest-Litovsk.
Ou foi Lenine traidor?
Não demos à direita nada daquilo de que não precisa: previsões de fracasso e ressubmissão do escravo.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Se Passos nada sabia, nem a ministra sabia, nem o secretário sabia, nem o director sabia, não sobra dúvida sequer: a culpa é do porteiro.
Ora, um porteiro, sabemos, é inimputável por lei, politicamente falando.
Vire-se, então, a página de vez, siga o bailarico sem mais, que a pantominice não pare.
Irão registar-se estes tempos na história de após Abril, para que se entenda a baixeza que pode degradar um povo, quando a uma farsada tão trágica se chame governação democrática.
Equívoco a complementar um outro que é o do socialismo da treta ser tido por força de esquerda, de modo a continuar confusões, de modo a acobertar ladrões.
Até que algum dia entendamos que a cidadania se exerce e delegá-la é matá-la.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Quando a dignidade se opõe, resiste, a traição passa à raiva e entre colaboracionista e carrasco não há espaço.
Em França, Itália ou na Grécia, durante a ocupação nazi, terrorista era o resistente que recusava vender-se, ainda que pesasse o perigo de ser torturado e morto.
Também na ocupação presente, esta é a divergência da escolha: viver na desonra ou com honra, mesmo que nos pretendam vergar com vantagens de negociar com quem manda, em termos de docilidade.
Uma razão a que acode a chusma de patriotas, floridos do dia para a noite, quando a capitulação é um mérito.
Nunca me foi dado ter notícias sem morbidez, outras que não os desastres ou crimes ou escandaleiras.
Pouco satisfeito com espaços onde se refocila, grunhindo, vai o jornalismo por pastos que só taras aguentam.
Mesmo não pensando nos custos de equipas correndo as alfurjas, assusta poder prever que hospícios e psiquiatras venham afundar-se em emergências.
Mas, quando com o estômago revolto, se tenta procurar remédio, em ares que não sejam nossos, cai-se na surpresa, por vezes, de ver que é Cuba quem mais investe na educação do seu povo (o Banco Mundial o diz) ou que a Venezuela é líder no esforço do bem-estar geral, segundo testemunho da  UNESCO.
Gastos sumptuários, quero crer, que ofendem oposições acoladas e dão razão a um Obama que teme pela segurança da América, dado que uma civilização democrática requer tiroteios diários.
Quando a governação honesta exige uma austeridade catártica, há estas nações a esbanjar, em vez de carrear riqueza para a banca dos bons dividendos.
Heréticos de uma economia sã, há que pôr fim ao desastre, impondo regras sensatas que andamos decretando pelo mundo, e, agora, consolidamos à bomba.
Que a coisa do mundo livre é connosco.

segunda-feira, 16 de março de 2015


Num dos cerimoniais com morfos, um dos deglutintes berrou que está na hora de dar um forte murro na mesa, embora não se saiba ao certo se o dito foi de motu proprio ou veio de in vino veritas.
Que anda distraído é facto, porque se vai da palavra ao acto, terá de constatar que, mesa, houve na verdade, em tempos, vendida que foi depois em lote, bónus, favor, que mimos destes dão sempre gentis comissões chorudas.
Lastima-se o nunca ter visto low-coast em EDP, vias rápidas, estaleiros, hospitais e muito mais, com TAPS, transportes, águas, os ares, os rios e as costas, escapando a minha avozinha, porque essa só traz encargos.
O meu oftalmologista, amigo, falando-lhe eu deste caso, explicou-me que a miopia de herança, com a idade, sempre avança.

O que faz falta por cá?
Ideias, gente capaz de explorar os bons momentos, empreendedorismo actuante.
Vem o do papel higiénico dizer que a natalidade, humana, suponho, é causa nacional, agora.
Face à oportunidade criada, não há notícia sequer de alguém buscar incentivos, numa distribuição quase grátis de afrodisíacos provados, como as miudezas dos ursos, macacos, tigres, elefantes ou cornos de rinoceronte, além de cantáridas, viagra e coisas que os especialistas conhecem.
Em vez de investimentos na Bolsa, de rentabilidade muito incerta, aqui o sector garante certezas ao fim de meses.
Se, em dez milhões de habitantes, houver metade a criar, teremos mercado de sobra para os desempregados que sobram.
E, quando a Europa falasse dos 20% reais, podíamos mandá-la calar-se, que todos já estão funcionais.

domingo, 15 de março de 2015

A ritualização do roubo exigia templos próprios e chamamento aos fiéis, que, em manada, iam comungar no voto.
Aliviavam tensões e, em festas, havia as pipas e fêveras a rechinar que a pifieza dos tempos substituiu por esferográficas, saquinhos e camisolas.
Também o convincente cacete deu lugar à promessa ou de um tacho ou de um  favor, em argumentação moderada.
Mas às goelas do lucro, insaciáveis, não bastava o que engolira e a experiência aconselha inovações radicais.
O receituário da América só foi profícuo após guerra, quando a Europa em miséria se dava a qualquer um.
Anestesiaram-se os povos em cedências e mais festanças e a exploração travestiu-se.
Mas, sendo tudo muito efémero, surdem lugares que, já tarde, quiseram reaver o seu.
No Chile, que foi um deles, a força bruta actuou, torturas, execuções, horrores, a arrepiar todo o mundo, ainda que megafones louvassem a escola dos Chicago Boys.
Houve que congeminar nova ideia: acirramento ao consumo, agiotagem da dívida, vitimização do tonto.
Só que a negociata emperrou e há lunáticos da dignidade a recusar pôr-se à canga.

Extremistas!
Percebo por que se foge da agricultura: cansa e não compensa.
Muito preferível, é certo, sentadinho à secretária ou poltrona administrativa, com escravos a encher-nos o prato.
Pedagogicamente falando, um estagiozito de uns anos neste labor desprezado de fazer muito e ter pouco, talvez nos curasse da lepra de um gago que quer cantar, da bêbeda que quer valsar, do sádico que quer reinar, do símio que quer ser gente.
Não se me dava que houvesse um doutoramento em bom-senso ou pós-pós-doutoramento em sensibilidade e respeito.
Depois de trilhadas as sendas tão ínvias e infrutuosas, talvez nos servisse um caminho, o da humanização do homem.
Experimente-se, já que há pouco a perder e muito menos soberania, que essa se nos escapou há muito.

sábado, 14 de março de 2015

Foi no fim de um debate, amena cavaqueira das quintas, que o fofo, coleccionador de gestões e acessorias, assossegou-se a destempo, num desabafo de alívio, do que, de facto, inquieta:
- Felizmente, entre nós, não existe Syrizas nem Podemos.
Realmente, entre nós, reina a paz do Senhor e cada macaco em seu galho vê-lhe atribuído o papel, na teatreira dos tempos.
Se temos nuvens lá fora, são bem serenos os dias, aqui, e a cobardia das gentes é um convite ao ripanço e continuação de negócios em perspectivas risonhas de duplicar os proventos, já que há vistos gold atraindo todos os ladrões do mundo, contentes de imunidade e criadagem de graça.
Assim se cumpram desígnios e, mais alto que a Suíça, Luxemburgo e paraísos fiscais, Portugal ficará em lugar de eleição.
Aquele que vem arrebanhar-nos a TAP terá de pensar, sem dúvida, num acolhimento atraente a caloteiros turistas, servindo-se da graça muito ao gosto português: chouriço, pinga e minhotas guinchando e algarvias girando.

Melhor que em fascismo, com o excelso poeta Melo.